Alunos de Forjães gostam da escola e conseguiram superar-se

Desemprego e emigração têm afectado a região servida pela Escola Básica do Baixo Neiva. Ainda assim, os resultados no 9.º ano ficam quase um valor acima do esperado para o seu contexto socioeconómico.

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A escola tem tido, nos últimos anos, resultados acima da média nacional dos exames. Desta feita, as notas dos exames de Português e Matemática do 9.º ano ficaram nos 3,51 valores, o que coloca a escola no lugar 85 do ranking geral. Em relação ao ano passado, estes resultados significam uma subida significativa: são 137 lugares escalados na lista nacional.

Este resultado foi construído contornando vários obstáculos. O espaço que Inês Silva, 14 anos, nos apresenta, parece de outro tempo. Há uma dispersão por blocos de salas de aulas e espaços verdes exteriores que não se encontram nos estabelecimentos de ensino construídos mais recentemente. A Escola Básica do Baixo Neiva tem 30 anos – que serão assinalados no próximo dia 10 de Dezembro, com um Dia Aberto à Comunidade –, mas nunca recebeu obras estruturais. Apenas uma pintura exterior, há sete anos.

Para Inês, isso não é um problema. “Nós gostamos da escola assim”, diz, explicando que os seus tios também ali tinham tido aulas, quando a escola ainda era nova. A escola, como a vila de Forjães, no extremo Norte do concelho de Esposende, é pequena: tem 239 alunos nos 2.º e 3.º ciclos e 30 professores, alguns dos quais partilhados com outras escolas do agrupamento.

A localidade fica no interior de um concelho costeiro e bem perto do limite geográfico com Viana do Castelo, para onde vão estudar muitos dos seus alunos no ensino secundário. Com um grande número de estudantes com acção social escolar e pais pouco escolarizados, a escola do Baixo Neiva está também integrada no contexto socioeconómico mais desfavorecido dos três em que são agrupados as escolas neste "especial Rankings". Esse foi outro dos obstáculos que teve que superar para conseguir os bons resultados que a fazem subir no ranking deste ano.

Com a média de exame dos estudantes de Forjães a ficar 0,85 valores acima do resultado esperado para o seu contexto socioeconómico, esta escola é a segunda que mais se supera em termos nacionais. A primeira é a Infanta D. Maria, de Coimbra, uma escola do contexto mais favorecido.

Nos últimos anos, esta região foi particularmente afectada pelo desemprego e pela emigração. Apenas no ano lectivo anterior, mais de 40 alunos cancelaram a sua inscrição por terem saído do país com as suas famílias, à procura de trabalho no estrangeiro. No caso da mãe de Inês Silva, a emigração não foi a opção, ainda que esteja desempregada, depois de se ter visto obrigada a abandonar o trabalho que tinha num supermercado local.

Para a aluna de 14 anos, nem tudo são más notícias. Agora a mãe tem tempo para a vir trazer à escola de manhã, juntamente com a irmã, três anos mais nova, e que é uma das alunas do quadro de mérito da escola, no 2.º ciclo. A mais nova da família fará este ano os exames do 6.º ano. Inês já passou por isso. Lembra-se de “ter ido muito nervosa” para a escola naqueles dias. “Mas depois tive muito boas notas." A cerca de meio ano de voltar aos exames, desta feita os do 9.º ano, diz estar muito menos ansiosa. “A escola prepara-nos bem”, assegura.

Aqui, todos os alunos que estão no último ano do 3º ciclo têm aulas de preparação para os exames nacionais, com especial atenção a Matemática. Como a esmagadora maioria dos colegas, Inês Silva raramente falta a uma dessas aulas. Mesmo que não precise: tem nota máxima a Matemática, bem como a Físico-Química, as suas disciplinas favoritas. Faltam quase quatro anos para uma candidatura ao ensino superior e ela tem as suas prioridades bem definidas. Quer seguir Medicina, revela, enquanto mostra o laboratório de Química. São aqui as aulas práticas da disciplina. O sorrido de Inês abre-se: “São as de que eu mais gosto.”

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