Música é nos castelos: Entremuralhas em Leiria, Forte em Montemor-o-Velho

Entre esta quinta-feira e sábado, o festival leiriense recebe Atari Teenage Riot ou In The Nursery. A Montemor-o-Velho, até domingo, chegarão Lydia Lunch, Jeff Mills ou Nathan Fake.

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Atari Teenage Riot DR
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As Medusa's Bed de Lydia Lunch DR

Dois castelos, dois monumentos com séculos de História a oferecerem-se ao público como cenário. Começam ambos esta quinta-feira. Um é Forte, o outro Entremuralhas, e estabeleceram-se como festivais de culto que, na recta final de mais uma época de festivais de Verão, atraem às suas localidades, a cidade de Leiria e a vila de Montemor-o-Velho, respectivamente, público atraído pela música, mas também pela possibilidade de conhecer e viver os espaços que são componente indispensável da identidade dos eventos. Num estarão, por exemplo, os Atari Teenage Riot, no outro, poderemos ver os Medusa’s Bed de Lydia Lunch.

O Entremuralhas, que teve primeira edição em 2010 e é organizado pela associação local Fade-In, começou por ser um enclave gótico construído no magnífico castelo medieval leiriense. Com o passar dos anos, sem esquecer essa matriz original, foi alargando os seus horizontes estéticos. Os contornos negros da música apresentada mantêm-se, mas hoje acolhe rock e folk, industrial, metal, electrónicas e várias matizes intermédias – este ano, surge até um nome como Paulo Bragança, o fadista heterodoxo que descobrimos nos anos 1990 (actuará no sábado, último dia de festival).

Com lotação diária limitada a 737 espectadores, resultado também da necessidade de preservação do monumento que o acolhe, o Entremuralhas sofreu este ano uma "montagem" atribulada. Os anunciados Tuxedomoon foram obrigados a cancelar devido à morte, em Julho, do seu baixista, Peter “Principle” Dachert, e, na semana passada, problemas de saúde de membros dos anglo-germânicos Twa Corbies e dos ingleses Darkher obrigaram a organização a agir rápido. Para o lugar dos históricos Tuxedomoon chegaram outros históricos, os Atari Teenage Riot de Alec Empire, banda guerrilha electro-punk que deixou marcas vívidas na década de 1990 (actuam no sábado). Para os outros dois lugares deixados vagos em cartaz chegarão o já citado Paulo Bragança e Simone Salvatori, que, acompanhado apenas pela guitarra, apresentará uma versão descarnada da música dos seus Spiritual Front (sexta-feira).

Dividido por três palcos (Alma, Corpo e Igreja da Pena), com bilhetes a 85 euros (passe geral), 65 euros (sexta e sábado) e entre os 25 e os 40 euros (diários), o Entremuralhas apresenta, entre outros, concertos dos canadianos Front Line Assembly (sábado), da jovem revelação francesa Perturbator, dos veteranos britânicos In The Nursery (ambos sexta) ou dos nossos Pop Dell’Arte (quinta-feira).

Na madrugada em que o Entremuralhas se estiver a despedir, o Festival Forte estará ainda a avançar para o seu épico final – serão 23 horas consecutivas de música, estre as 22h de sábado e as 21h de domingo. Dedicado à música electrónica, da mais física e funcional à mais exploratória, passando pela ligação às artes performativas, o Forte atrai a Montemor-o-Velho cinco mil espectadores diários, sendo que a grande maioria (70%) vem de outras paragens (além do público português, chegará gente de mais 31 países). Na bilheteira do festival as entradas serão vendidas a 120 (passe geral) e 60 euros (entrada diária). Pela primeira vez, a programação do Forte terá extensão ao espaço intimista do pequeno Teatro Esther de Carvalho e ao parque de campismo.

A abertura, esta quinta-feira, far-se-á com uma estreia, a das Medusa’s Bed, que juntam a ícone da no-wave nova-iorquina, Lydia Lunch, à multi-instrumentalista Zahra Mani e à violinista, vocalista e artista visual austríaca Mia Zabelka. No mesmo dia, Nathan Fake apresentará o novo Providence e Clark o concerto-performance Death Peak. Jeff Mills e DVS1 são dois dos destaques de sexta-feira, ao passo que a maratona que se inicia sábado apresenta T. Raumschiere, Ellen Allien ou Schlomo. Michael Mayer, da alemã Kompakt Records, editora de longa história e influência (Mayer fundou-a em 1998), terá a honra de encerrar o festival.

A época de festivais de Verão não termina com a música ouvida em espaços centenários muralhados. Afinal, entre petiscos e artesanato, ouvir-se-ão este fim-de-semana, no Festival do Crato, Seu Jorge ou os Eagles of Death Metal, e, na próxima semana, Lamego acolhe o TRC Zigur Fest, dedicado à nova música independente portuguesa, a Figueira da Foz terá o Gliding Barnacles e Baltar o Indie Music Fest, nas mesmas paragens sonoras. No início de Setembro ainda haverá, em Lisboa, a electrónica do Lisb-On e o fado do Caixa Alfama, e a Ribeira de Santarém acolherá o renovado Reverence, dedicado ao rock’n’roll, ao metal e ao punk – e, claro, na Quinta da Atalaia monta-se já o histórico Avante. Este fim-de-semana, porém, música é nos castelos. O de Leiria e o de Montemor-O-Velho.

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