Descobertos 91 vulcões debaixo do gelo da Antárctida
Ao todo, existem 138 vulcões naquela zona. Investigadores acreditam que esta possa ser a maior área vulcânica no planeta Terra.
O que se esconde debaixo do gelo da Antárctida? De acordo com uma equipa de investigadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia, debaixo dos 14 milhões quilómetros quadrados do continente gelado encontra-se a maior área vulcânica do planeta. Localizada na zona ocidental da Antárctida, o grupo de três investigadores – composto por Maximilliam Van Wik de Vries, Robert Bingham e Andrew Hein – descobriu 91 novos vulcões, que se juntam aos 47 encontrados anteriormente, totalizando 138 vulcões.
Os vulcões têm alturas compreendidas entre os 100 e os 3850 metros, surpreendendo os investigadores. “Estamos maravilhados”, referiu Robert Bingham ao jornal britânico The Guardian. “Não estávamos à espera de encontrar nada como este número. Quase que triplicámos o número de vulcões que se pensa existir na região ocidental da Antárctida”, acrescentou o investigador.
No estudo publicado na Geoscientist, uma revista da Sociedade Geológica de Londres, os investigadores analisaram a parte inferior da camada de gelo da Antárctida, identificando a existência de basalto na região, uma rocha que já tinha sido encontrada noutros vulcões na área.
A equipa estudou ainda dados obtidos em trabalhos antigos, recolhidos por radares terrestres e aéreos. Após o cruzamento de todos os dados, os investigadores determinaram a existência de 91 novos vulcões, todos eles cobertos de gelo.
Para já, a descoberta torna aquele continente detentor da maior região vulcânica da Terra. A zona dos picos estende-se ao longo de 3500 quilómetros, na Antárctica Ocidental. Porém, os investigadores acreditam que existam mais vulcões na maior plataforma de gelo do mundo – a plataforma Ross, também situada na Antárctida Ocidental – que não está tão bem estudada. “É muito provável que esta se torne na mais densa região vulcânica do planeta, maior ainda do que a existente no Leste de África”, acrescentou Robert Bingham.
Mas nem tudo são boas notícias, os investigadores consideram que podem existir consequências preocupantes para o planeta caso os vulcões entrem em erupção. “Se algum destes vulcões entrar em erupção pode destabilizar os lençóis de gelo da Antárctida”, alertou Robert Bingham.
“Qualquer coisa que cause o derretimento do gelo irá aumentar a velocidade com que este irá chegar ao oceano”, referiu Bingham, acrescentando que não se sabe “o quão activos foram estes vulcões no passado”. Por isso, saber se os vulcões estão ou não activos é "algo que temos de determinar o mais rápido possível”, declarou Bingham.
O cientista aponta ainda para uma tendência preocupante: “O mais recente vulcanismo [quando os vulcões entram em erupção] que está a decorrer no mundo acontece nas regiões que perderam a sua cobertura glaciar.” Entre esses lugares estão a Islândia e o Alasca. Segundo o investigador, uma teoria que poderá explicar aquele fenómeno refere que quando deixa de haver a cobertura glaciar, há “a libertação de pressão sobre os vulcões, fazendo com que estes se tornem mais activos”.
Esta reacção em cadeia poderá acontecer na Antárctida, uma região onde as alterações climáticas já começaram a afectar o derretimento das camadas de gelo. “É algo que temos de observar de perto”, conclui Robert Bingham.