Usain Bolt queria ser o melhor do mundo. E chegou lá

“Sou livre, finalmente. Desde os dez anos que a minha vida foi só atletismo. Quero relaxar", disse Bolt no final da prova REUTERS/Phil Noble
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“Sou livre, finalmente. Desde os dez anos que a minha vida foi só atletismo. Quero relaxar", disse Bolt no final da prova REUTERS/Phil Noble

“É possivelmente o atleta mais talentoso que o mundo já viu”. É a primeira frase da biografia de Usain Bolt, disponível no site oficial do velocista. Bolt nunca teve medo de dizer que era o melhor do mundo, nem tão pouco que queria ser recordado como o melhor atleta de todos os tempos. A postura descontraída e brincalhona tirou a arrogância do discurso e o velocista jamaicano é um dos atletas mais amados pelos fãs que o brindam com ovações antes das provas e imitam a sua posse assinatura: pernas flectidas e um cotovelo dobrado, com braços a apontar para o céu. Chamam-lhe o “To Di World” (Para o Mundo) na Jamaica, mas Bolt transformou-o em “relâmpago Bolt”. O gesto lá apareceu, no momento da derradeira despedida, no final da última corrida de Bolt nos Mundiais de Londres. O atleta correu na capital britânica a sua última prova individual (escolheu não participar nos 200m, em que também é recordista mundial, multicampeão mundial e olímpico) e a despedida vai acontecer na estafeta jamaicana dos 4x100m.

Aos 30 anos (a duas semanas de completar 31), Usain Bolt reforma-se com um curriculo notável: nove medalhas olímpicas conquistadas e um palmarés invejável de medalhas em provas mundiais. “É duro quando se fica mais velho”, afirmou várias vezes desde que anunciou a decisão de se retirar da competição. O jamaicano “explodiu” nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008) conquistando a primeira tripla da carreira, um feito repetido em Londres, em 2012, e no Rio de Janeiro, em 2016. Bolt detém actualmente os recordes mundiais dos 100m, 200m e 4x100m com os tempos de 9,58s, 19,19s e 36,84s. O primeiro recorde que estabeleceu foi em Nova Iorque em 2008, quando completou os 100 m em 9,72s. Nos Jogos Olímpicos de Pequim baixou essa marca para 9,69s e nos Mundiais em Berlim de 2009 chegou aos 9,58s. A única vez que se viu envolvido num caso de doping foi indirectamente: perdeu a medalha de ouro de Pequim 2008 – onde se havia sagrado triplo campeão olímpico de estafeta 4x100m – por desqualificação de um dos membros da equipa devido ao uso de doping. “Esperemos que os atletas se apercebam do que se está a passar, que percebam que se eles não pararem estão a contribuir para a morte do desporto”, afirmou em conferência de imprensa nas vésperas dos Mundiais de Atletismo de Londres.

Bolt, que diz sem pudores “sou o maior”, não sairá da pista triste. “Parece-me fantástico sermos nós a decidir retirar-nos e não o desporto a mandar-nos para casa. Quer dizer que estás satisfeito com o que fizeste", disse em Londres aquele que é até aqui o homem mais veloz do mundo.

Bolt cumpriu uma volta de honra no estádio olímpico a fechar o último dia dos Mundiais de atletismo
Bolt cumpriu uma volta de honra no estádio olímpico a fechar o último dia dos Mundiais de atletismo REUTERS/Phil Noble
Os fãs aplaudiram do pé o atelta e uma carreira notável
Os fãs aplaudiram do pé o atelta e uma carreira notável REUTERS/Phil Noble
Bolt lesionou-se na final da estafeta jamaicana que fechou a carreira do velocista
Bolt lesionou-se na final da estafeta jamaicana que fechou a carreira do velocista REUTERS/Phil Noble
Usain Bolt perdeu para Justin Gatlin na final dos 100m em Londres.  "Perdi para um adversário muito forte e para um miúdo com muito talento. Nada vai mudar na minha carreira”, afirmou o jamaicano.
Usain Bolt perdeu para Justin Gatlin na final dos 100m em Londres. "Perdi para um adversário muito forte e para um miúdo com muito talento. Nada vai mudar na minha carreira”, afirmou o jamaicano. REUTERS/Phil Noble
Meia-final dos 100m nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro: Bolt sorri vitorioso antes de cortar a meta.
Meia-final dos 100m nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro: Bolt sorri vitorioso antes de cortar a meta. REUTERS/Kai Pfaffenbach
Recorde mundial nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Bolt venceu os 100m com 9,69s
Recorde mundial nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Bolt venceu os 100m com 9,69s REUTERS/Kim Kyung-Hoon
A lesão do jamaicano no último percurso dos 4x100m dos Mundiais de Londres, este ano
A lesão do jamaicano no último percurso dos 4x100m dos Mundiais de Londres, este ano Reuters/MATTHEW CHILDS
Em 2009, nos Mundias de Atletismo em Berlim, melhorou a marca: 9,58s.
Em 2009, nos Mundias de Atletismo em Berlim, melhorou a marca: 9,58s. REUTERS/Kai Pfaffenbach
A conquista da medalha de ouro nos 100m no Rio de Janeiro em 2016.
A conquista da medalha de ouro nos 100m no Rio de Janeiro em 2016. REUTERS/Kai Pfaffenbach
Usain Bolt diz que continuar em competição "é duro quando se fica mais velho".
Usain Bolt diz que continuar em competição "é duro quando se fica mais velho". Action Images via Reuters/Matthew Childs
Os sapatos de corrida de Bolt onde se pode ler "mais rápido".
Os sapatos de corrida de Bolt onde se pode ler "mais rápido". REUTERS/Dylan Martinez
O jamaicano com os fãs nos Mundias de Atletismo de Londres que se realizam em Londres até 13 de Agosto.
O jamaicano com os fãs nos Mundias de Atletismo de Londres que se realizam em Londres até 13 de Agosto. REUTERS/Matthew Childs
O príncipe Harry de Inglaterra com Usain Bolt, replicando o gesto icónico do atleta jamaicano.
O príncipe Harry de Inglaterra com Usain Bolt, replicando o gesto icónico do atleta jamaicano. REUTERS/Suzanne Plunket
Fãs imitam a pose que se tornou sinónimo de Bolt.
Fãs imitam a pose que se tornou sinónimo de Bolt. REUTERS/Neil Hall
Prova dos 200m, nos Jogos Olímpicos de Pequim, quando Usain Bolt estabeleceu um novo recorde mundial com 19,30s.
Prova dos 200m, nos Jogos Olímpicos de Pequim, quando Usain Bolt estabeleceu um novo recorde mundial com 19,30s. REUTERS/Dylan Martinez
Usain Bolt com a bandeira da Jamaica na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres em 2012.
Usain Bolt com a bandeira da Jamaica na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres em 2012. REUTERS/David Gray
Fãs acompanham a prova de Bolt em Kingston, na Jamaica
Fãs acompanham a prova de Bolt em Kingston, na Jamaica REUTERS/Gilbert Bellamy
Em 2016 protagonizou o documentário "I am Bolt" .
Em 2016 protagonizou o documentário "I am Bolt" . REUTERS/Neil Hall
Usain Bolt com o "rival" Justin Gatlin em 2015. Nessa altura, Bolt ficou em primeiro lugar e Gatlin em segundo.
Usain Bolt com o "rival" Justin Gatlin em 2015. Nessa altura, Bolt ficou em primeiro lugar e Gatlin em segundo. REUTERS/Kai Pfaffenbach
Para a história fica também o bom-humor do jamaicano em prova.
Para a história fica também o bom-humor do jamaicano em prova. REUTERS/Kai Pfaffenbach
Um momento com os fãs nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016
Um momento com os fãs nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016 REUTERS/Kai Pfaffenbach
Em 2009, Bolt, o "homem mais veloz do mundo" adoptou no Quénia o animal mais veloz do mundo, uma chita, baptizando-a de "relâmpago".
Em 2009, Bolt, o "homem mais veloz do mundo" adoptou no Quénia o animal mais veloz do mundo, uma chita, baptizando-a de "relâmpago". REUTERS/Thomas Mukoya
A pose que se tornou sinónimo do atleta jamaicano.
A pose que se tornou sinónimo do atleta jamaicano. REUTERS/Lucy Nicholson
A lesão do jamaicano no último percurso dos 4x100m dos Mundiais de Londres, este ano
A lesão do jamaicano no último percurso dos 4x100m dos Mundiais de Londres, este ano LUSA/ANDY RAIN