País não pode esquecer fogos quando chegar o Inverno, defende António Costa

Se a nova reforma florestal tivesse começado há dez anos, a floresta seria hoje mais “resiliente”, assegura o primeiro-ministro.

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António Costa ao lado do presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, quando falou sobre a obra de desassoreamento da albufeira do Açude-Ponte LUSA/PAULO NOVAIS

O país não pode esquecer os incêndios florestais quando chegar o Inverno e tem de fazer o que é necessário para os prevenir depois do Verão, defendeu António Costa nesta sexta-feira.

Intervindo na sessão de consignação da empreitada de desassoreamento do rio Mondego, em Coimbra — obra que, segundo António Costa, tornará o rio "mais resistente aos riscos de cheia" — o primeiro-ministro considerou-a uma inspiração para a prevenção dos incêndios florestais. "Tal como estamos aqui hoje a tomar as medidas necessárias para prevenir o risco das cheias, temos mesmo de fazer a seguir ao Verão aquilo que é necessário para prevenir os incêndios florestais", afirmou.

A esse propósito, o governante considerou "muito importante" a aprovação, pelo Parlamento, do pacote legislativo da reforma florestal apresentado pelo Governo e que essa reforma florestal tenha sido promulgada pelo Presidente da República "esta semana".

A nova legislação irá permitir completar o cadastro florestal "que está há séculos por ser completado a norte do Tejo", possui instrumentos para aproveitar as terras abandonadas e possibilita a criação de entidades de gestão florestal "que dêem  a escala que permite a valorização económica da floresta", argumentou António Costa.

"E que a floresta volte a ser uma fonte de rendimento para as populações, de fixação de emprego das populações e não uma ameaça à segurança de todos", declarou o primeiro-ministro. "Esta reforma florestal é da maior importância para podermos ter uma floresta mais resistente ao risco de incêndio."

António Costa disse ainda que há coisas que o ser humano, os autarcas e o Governo não podem controlar e uma delas é a natureza, ilustrou. "A natureza aquece e a natureza faz chover. A natureza tem riscos e comporta riscos. Agora, aquilo que os poderes públicos podem e devem fazer é, antecipando os riscos, procurar adoptar as medidas necessárias para prevenir esses riscos e melhorar os impactos das tragédias", argumentou.

Para o primeiro-ministro, se a nova reforma do Governo tivesse sido iniciada há dez anos, agora haveria "seguramente" uma floresta mais resiliente. Da mesma forma, se a obra de desassoreamento do rio Mondego — prometida desde 2001 —tivesse sido feita nessa altura, a seguir a umas cheias, "seguramente em 2016 o comportamento do rio teria sido diferente daquele que foi", quando o ano passado as cheias se repetiram, enfatizou o líder do executivo.

"Por isso, não vale a pena chorar sobre o leite derramado mas há uma noção que todos temos de ter: a cultura da prevenção do risco é uma cultura fundamental em todos os domínios", avisou.