“O programa nuclear norte-coreano foi subavaliado”
Apesar da resistência que existe em reconhecer a Coreia do Norte como uma potência nuclear, a analista Jenny Town afirma que é apenas uma questão de tempo até o regime chegar ao máximo das suas capacidades.
Estamos já a viver com uma Coreia do Norte nuclear?
A Coreia do Norte tem armas nucleares há já algum tempo. Já têm mísseis balísticos que cobrem o Leste asiático. Por muito que não queiramos reconhecer, a Coreia do Norte como um Estado nuclear, já têm tecnologia atómica. E quanto mais avançarem, mais difícil será convencê-los de que as armas nucleares não são no seu melhor interesse.
Os EUA já tiveram outros adversários com armas nucleares. Seria assim tão problemático ter mais um?
Neste momento, os EUA não estão preparados para reconhecer a Coreia do Norte como uma potência nuclear, mas têm de se esforçar mais para lidar com as razões que levam a Coreia do Norte a querer armas nucleares.
Temos razões para acreditar que a Coreia do Norte tenha já realmente conseguido miniaturizar ogivas nucleares?
Não estou certa de que as conclusões do relatório sejam partilhadas por toda a comunidade de serviços secretos. A Coreia do Norte tem claramente trabalhado no desenvolvimento da tecnologia de miniaturização e há vários analistas que acreditam que já o tenham conseguido há muito tempo, mesmo que não o tenham demonstrado. A verdade é que está a avançar e que o tem demonstrado na era de Kim Jong-un, em especial quando Pyongyang se sente ameaçada, com sanções ou retórica sobre mudança de regime.
Apontava-se antes para um prazo de cinco anos até a miniaturização ser alcançada. Estivemos a avaliar de forma errada as capacidades norte-coreanas?
O programa nuclear norte-coreano foi subavaliado. Mas há muitos analistas que acreditavam que a Coreia do Norte possuía já a capacidade de miniaturização, especialmente para os mísseis de menor alcance. A verdade é que mesmo que tenham uma ogiva miniaturizada, as estimativas para que tenham um míssil nuclear intercontinental continuam a ser de um ano. O que vimos até agora é que ainda não aperfeiçoaram a tecnologia de reentrada da atmosfera, para evitar que a ogiva seja destruída. Certo é que continua a desenvolver o seu programa e irá consegui-lo caso a situação não se altere.