Médicos dão um mês ao Governo para responder às reivindicações e ameaçam com greve

Em caso de falta de resposta da tutela, sindicatos ameaçam avançar com nova greve nacional. Na próxima semana sindicatos reunem-se com Ministério da Saúde.

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Rui Gaudencio

Organizações representantes dos médicos dão ao Governo até ao final de Agosto para se comprometer com a resolução das principais reivindicações da classe. Caso contrário volta a estar em cima da mesa uma greve nacional.

Esta foi uma das conclusões da reunião do Fórum Médico desta terça-feira, convocado pela Ordem dos Médicos, onde estiveram representantes da Ordem dos Médicos, do Sindicato Independente dos Médicos, da Federação Nacional dos Médicos, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, da Associação de Estudantes de Medicina e da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública.

Desde segunda-feira que os sindicatos falavam na possibilidade de reforçar as formas de protesto face ao que dizem ser as promessas não cumpridas pelo Governo depois da greve de 10 e 11 de Maio.

O bastonário Miguel Guimarães apelou ainda aos médicos para que denunciem publicamente as deficiências e insuficiências do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Essa, diz, é já uma forma de protesto que pode ser adoptada pelos médicos. Este mesmo apelo é deixado às várias organizações médicas na tomada de posição escrita que saiu da reunião.

Em causa estão as mesmas reivindicações que estiveram presentes na greve de Maio e que estão a ser negociadas, lembram os sindicatos, há um ano e meio: redução do número anual de horas suplementares que os médicos são obrigados a fazer (de 200 para 150), a diminuição do número de utentes por médico de família e a criação de um limite de 12 horas semanais de trabalho de urgência.

As seis organizações presentes no fórum propõem ainda que as organizações médicas apresentem um plano de negociações "com um curto calendário negocial" com soluções para "todos os problemas que afectam a qualidade da medicina e os médicos". Reivindicações que devem ir de encontro aquilo que foi pedido ao Governo em Maio, quando foi convocada a greve nacional.

O dirigente do Sindicato Independente dos Médicos diz que a classe "está a ser arrastada para uma greve" perante a falta de resposta e consecutivos adiamentos de reuniões do Governo. A próxima reunião com a tutela está marcada para dia 11 deste mês, mas Jorge Roque da Cunha não acredita que "daí saia um compromisso".

Nesta terça-feira de manhã, o Governo fez saber que vai entregar até ao final da semana uma “posição negocial” sobre as reivindicações dos médicos, que os sindicatos esperavam receber até ao final de Julho. O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, reconheceu que “algumas questões que os sindicatos colocam são pertinentes”.

Sindicatos aceitam mudanças faseadas

Enquanto o bastonário da Ordem dos Médicos pedia ao Governo o compromisso "de resolução de alguns destes problemas", os sindicatos exigiram a "resolução integral" das reivindicações da greve de Maio. Para Mário Jorge Neves, presidente da Federação Nacional dos Médicos, a próxima reunião com o Governo é "tudo ou nada". "Se a 11 de Agosto sairmos do ministério sem a resolução integral dos problemas, não temos outra solução senão articular, entre as estruturas sindicais, uma nova greve nacional", disse aos jornalistas.

Os dirigentes sindicais estão disponíveis para negociar uma calendarização com o Governo, de forma a concretizar todas as reivindicações "de forma faseada", até ao final da legislatura. Antes de serem conhecidas as conclusões do Fórum Médico, o secretário de Estado Manuel Delgado afirmara que a contraproposta do Governo será “menos imediata em termos de solução, mas mais calendarizada no tempo".

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