Pedrógão: Marcelo pede “cabeça fria” à direita e apuramento de responsabilidades ao Governo

O Presidente da República diz, em entrevista ao Diário de Notícias, que os políticos não podem passar a sensação de que está a haver um aproveitamento político da tragédia.

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LUSA/TIAGO PETINGA

O Presidente da República diz que não lhe "passa pela cabeça" que alguém possa esconder o número de vítimas. Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que o país não pode ficar com a sensação de que se "maximiza e se lida com uma tragédia que pode correr o risco de ser considerada desrespeitosa para as próprias vítimas e para os familiares", em entrevista ao Diário de Notícias publicadas esta quinta-feira.

Marcelo diz que "não [lhe] passa pela cabeça que, quem quer que seja, a pretexto de desdramatizar, possa minimizar o apuramento cabal dos factos e das responsabilidades". Depois de se dizer que os detalhes sobre as vítimas mortais estava em "segredo de justiça", a Procuradoria-Geral da República acabou por divulgar a lista de 64 mortos pelo incêndio em Pedrógão Grande, uma decisão que, de acordo com o primeiro-ministro, pôs termo ao que qualificou de "especulação".

Repetindo que vivemos numa democracia, lembrou que "não há desaparecimento de vítimas, não há, como se contava de algumas ditaduras estrangeiras, aviões a lançar corpos no mar". "Isso não existe", insiste. E, ainda que o apuramento de responsabilidades seja "um facto particularmente relevante e grave", o Presidente da República pede "cabeça fria".

Não obstante, Marcelo vinca que "é preciso apurar tudo cabalmente", ainda que existam "matérias que são polémicas". "Aquele acto foi criminoso ou não? Há um problema de qualificação jurídica", exemplifica o chefe de Estado. “Agora, ou está vivo ou está morto, não pode haver uma terceira qualificação. Quando muito pode estar desaparecido e a família diz que está desaparecido. Vamos apurar onde é que está", nota.

“É verdade que há debate político, em democracia há debate político, há período pré-eleitoral, estamos a dois meses das eleições autárquicas", lembra o Presidente da República, que pede por isso "serenidade", sem mencionar nomes, a todos os que neste último mês se têm pronunciado sobre a tragédia de Pedrógão Grande.

Também sem especificar ao que se refere — se às falhas do SIRESP em Pedrógão, se a possíveis responsabilidades políticas de membros do Governo —, Marcelo sublinha ainda que não pode haver um “apuramento parcial” das responsabilidades.

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