A nova série do criador de Os Simpsons tem fadas, álcool, sexo e "montes de humanos imbecis”
Disenchantment, de Matt Groening, chega no próximo ano ao Netflix e é sobre "como continuar a rir num mundo cheio de sofrimento e de imbecis, apesar do que os anciãos, feiticeiros e outros idiotas nos dizem”
Desde 1999 que não se vê nada assim – ou melhor, desde Futurama que Matt Groening, o criador da série há mais anos em exibição, Os Simpsons, não criava uma série nova. Há um ano e meio, soube-se que estava a trabalhar num novo título para o Netflix e agora revela-se o seu nome Disenchantment, qualquer coisa como “Desencanto”, e o espírito: é para adultos, tem fadas e demónios, álcool e sexo.
“Em última análise, Disenchantment será sobre vida e morte, amor e sexo e como continuar a rir num mundo cheio de sofrimento e de imbecis, apesar do que os anciãos, feiticeiros e outros idiotas nos dizem”, explica Groening num comunicado divulgado terça-feira pelo Netflix. Serão 20 episódios, informa o serviço de streaming, de uma série de comédia e fantasia cuja primeira leva de dez episódios será transmitida em 2018.
Neste novo mundo do criador da cidade americana de Springfield e do Planet Express de Futurama, viaja-se para um reino, Dreamland, para conhecer a princesa Bean, que gosta do seu copo, o seu amigo Elfo e o seu demónio Luci – “o trio cruzar-se-á com ogres, espectros, harpias, diabretes, trolls, morsas e montes de humanos imbecis”, lê-se no comunicado. O talento vocal será de Abbi Jacobson (Broad City), Nat Faxon (Friends from college) e Eric Andre (The Eric Andre Show), além de outros nomes que vogarão por Dreamland e a animação voltará a ser entregue aos artistas dos Rough Draft Studios, os responsáveis por Futurama. A série terá "o seu estilo de animação característico e a sua espirituosidade mordaz”, acredita a vice-presidente de conteúdos originais do Netflix, Cindy Holland.
Groening, ilustrador, editor de comics e fã acérrimo de Frank Zappa, junta-se assim a um rol crescente de criadores de produtos de sucesso no audiovisual convencional – o que se dividia entre ecrãs de cinema e ecrãs de televisão – envolvidos na fervorosa produção original do Netflix. Esta é uma das grandes responsáveis, a par dos concorrentes directos Hulu (não presente em Portugal) e Amazon Prime, mas também da televisão por subscrição norte-americana, pelo número recorde de nova ficção que está em produção nos últimos dois anos no mercado global e em particular no seu maior fornecedor, os EUA. A incursão de Groening pela fantasia é tanto um resultado dos seus gostos – influenciado por Dungeons & Dragons e anfitrião de Neil Gaiman ou JK Rowling n’Os Simpsons – quanto uma reacção ao zeitgeist que continua a celebrar jovens feiticeiros, rainhas com dragões e outras personagens e séries do género.
Entretanto, na televisão convencional e generalista, a 29.ª temporada de Os Simpsons, a mais longa série animada de sempre e o produto serial de ficção há mais anos no ar em todo o mundo, está agendada para Outubro na norte-americana Fox – em Portugal, Os Simpsons passam actualmente no canal Fox Comedy. O actual número de episódios de Os Simpsons é de 618, sendo que Futurama, a segunda série de Groening, contou com sete temporadas e 140 episódios.