Sindicato diz que 5000 trabalhadores da PT marcharam em protesto contra a Altice

Esta foi a primeira greve dos trabalhadores da PT em dez anos. A empresa fala numa adesão de 19%, mas os sindicatos apontam para 60% no protesto contra a "aldrabice" e a "vigarice".

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Protesto partiu de Picoas e terminou na residência oficial de Costa, em São Bento LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

A faixa transportada por um dos grupos de manifestantes que nesta sexta-feira percorreram o caminho entre a sede da PT, nas Picoas, até à residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, não deixou margem para dúvidas: "Aldrabice, trafulhice e vigarice", lia-se, numa alusão clara ao grupo Altice, que comprou a PT há dois anos e tem em marcha um plano de redução de pessoal que já motivou críticas do primeiro-ministro António Costa.

"Os números que nos foram dados pela polícia - e não são nossos - foram cinco mil pessoas", disse ao PÚBLICO o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Portugal Telecom (STPT), Jorge Félix, classificando este dia de protesto como "um êxito" que "superou as expectativas" e que reuniu trabalhadores vindos de "todo o país".

Quanto ao alcance da greve nacional dos trabalhadores da PT (a primeira em dez anos), Félix diz que teve, em média, uma "adesão de 60%", e que "em locais como o Algarve e Braga a adesão foi de 80% e na Madeira e Açores, de 90%".

"Em Lisboa não temos dados concretos, mas temos noção que aqui, nas Picoas e na Andrade Corvo, onde os trabalhadores estão mais próximos do centro do poder e onde a empresa fez mais pressão para que não aderissem à greve, a adesão foi menor", disse o sindicalista ao PÚBLICO. Uma das formas de pressão foi a de, logo no dia em que foi anunciada publicamente a greve, terem "mandado papéis às pessoas a dizer que não podiam fazer greve e que tinham de assegurar serviços mínimos", exemplificou.

 "Até às 18h de hoje, a adesão à greve foi de 19%", salientou por seu turno a PT/Meo, num comunicado enviado às redacções. "Durante o dia, a PT assegurou todos os serviços que são prestados aos clientes", acrescentou a empresa.

Jorge Félix adiantou que os sindicatos foram recebidos pelos assessores do primeiro-ministro, que garantiram que António Costa "está muito atento à situação da PT" e às situações que têm sido divulgados sobre a utlização do mecanismo de transmissão de estabelecimento para transferir trabalhadores e ao facto de haver pessoas sem funções na empresa.

Segundo a Lusa, num balanço feito ao final do dia, Manuel Gonçalves, do Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV), disse que os sindicatos insistem em serem recebidos pelo primeiro-ministro, e que já na segunda-feira vão solicitar "uma reunião urgente" com a nova presidente executiva da PT, Cláudia Goya, que assumiu funções esta semana.

"A luta não acaba aqui", disse ainda este dirigente, revelando que na quarta-feira os sindicatos vão reunir para "avaliar o resultado da luta e decidir as próximas acções".

Jorge Félix adiantou ao PÚBLICO que "o próximo passo" é uma "reunião dos advogados dos sindicatos" no sentido de preparar "uma acção central" que possa defender os interesses dos trabalhadores que já foram transferidos para outras empresas. Estão nestas condições cerca de 150 trabalhadores.

O secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, anunciou quarta-feira, na Assembleia da República, que a Autoridade das Condições de Trabalho (ACT) está já a inspeccionar o processo de transferência de trabalhadores da PT Portugal para outras empresas, enquanto o Bloco de Esquerda apresentou uma proposta de alteração a este regime para que o trabalhador possa decidir se quer ou não ser transferido.

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