Conselho Disciplinar da Ordem dos Médicos "julga" queixa contra Gentil Martins

Foi uma psiquiatra que enviou uma queixa formal para a Ordem dos Médicos.

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MANUEL DE ALMEIDA

O Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos (OM) já recebeu e vai avaliar uma queixa formal apresentada por uma psiquiatra contra o cirurgião Gentil Martins, após a polémica entrevista que deu ao Expresso. O cirurgião pediátrico de 87 anos e ex-bastonário da OM defendeu na entrevista que a homossexualidade será uma “anomalia” e “um desvio de personalidade”.

A queixa foi enviada para o Conselho Disciplinar do Sul, avançou nesta quarta-feira o Expresso. A denúncia foi remetida para este órgão, que tem autonomia e funciona como uma espécie de tribunal na Ordem dos Médicos. Serão os 15 elementos que integram o Conselho a avaliar se as declarações de Gentil Martins — que, na entrevista, afirmou ainda que Cristino Ronaldo é um “estupor moral”, por alegadamente ter recorrido a barrigas de aluguer — justificam ou não a abertura de um processo disciplinar.

Sublinhando que já tinha explicado que mal recebesse uma denúncia formal a enviaria para os órgãos competentes, o bastonário da OM, Miguel Guimarães, explica que o Conselho Disciplinar abre um "inquérito inicial" que poderá dar origem depois a um processo disciplinar. Na prática, o Conselho Disicplinar terá de "julgar" se Gentil Martins violou a leges artis, nomeadamente "as boas práticas em termos de linguagem científica", e o Código Deontológico. 

O cirurgião — que apesar de estar reformado há 17 anos continua a dar consultas e a fazer cirurgias — será ouvido e, caso o inquérito resulte numa condenação, poderá ainda recorrer para o Conselho Superior — que é presidido pelo anterior bastonário José Manuel Silva.

Depois das declarações ao Expresso e face à controvérsia desencadeada, Gentil Martins enviou no domingo uma nota ao semanário em que mantém a sua posição e em que deixa uma mensagem a “quem sofra” com a homossexualidade — que continua a “considerar anómala, sem no entanto deixar de respeitar os seres humanos que são”.

Na nota, explica ainda que apenas caracterizou Ronaldo como um “estupor moral” porque este terá alegadamente recorrido a barrigas de aluguer, solução de que diz discordar absolutamente. “Isso nada tem a ver com os excepcionais méritos desportivos de Ronaldo, nem com a sua generosidade para com instituições sociais e crianças com dificuldades”, enfatiza.

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