Benfica na gestão de um clube da Premier League? UEFA não impede
Em entrevista à edição portuguesa da revista Forbes, Domingos Soares de Oliveira, administrador da SAD benfiquista, explicou que os “encarnados” pretendem exportar o modelo usado no clube da Luz
Para já, não passa de uma mera possibilidade, mas a concretizar-se pode colocar o Benfica num mercado de muitos milhões. Em declarações à edição portuguesa da revista Forbes, Domingos Soares de Oliveira, administrador da SAD benfiquista, revelou que os “encarnados” estão a estudar a possibilidade de entrarem de "forma limitada" na gestão de um clube da Premier League, campeonato onde o aliciante bolo das receitas televisivas garante um encaixe sempre superior a 100 milhões de euros por época. A UEFA não impede que um clube adquira outro, mas o regulamento de competições do organismo que tutela o futebol europeu determinada que “nenhum clube pode, directa ou indirectamente, [...] ter acções de qualquer outro que participe numa competição de clubes da UEFA”. No entanto, a Red Bull conseguiu contornar este regulamento.
Domingos Soares de Oliveira não foi conclusivo, mas levantou a ponta do véu sobre a possível entrada do Benfica num modelo de negócio que seria uma enorme novidade no futebol português. Numa reportagem publicada na edição portuguesa da Forbes dos meses de Julho e Agosto, o administrador financeiro da SAD do Benfica, “número 2” na hierarquia “encarnada”, avançou com a possibilidade de o tetracampeão nacional entrar, de “forma indirecta”, na gestão de um clube da Premier League. "Quando o dinheiro é muito, as pessoas preocupam-se menos com a optimização do seu volume de negócios. Nós temos uma experiência de dez ou quinze anos em que, sem dinheiro, tivemos de optimizar o nosso modelo, chegando ao ponto de hoje o Benfica ser uma empresa que está finalmente a conseguir diminuir a alavancagem feita em cima da dívida", referiu Soares de Oliveira à Forbes, que acrescentou que o objectivo principal do Benfica seria aproveitar as avultadas receitas televisivas que são distribuídos aos clubes que competem no principal escalão do futebol inglês.
Embora não seja liminarmente proibido pela UEFA, a entrada de um clube na gestão de outro acarreta várias restrições e a “compra” de um clube ou parte de um clube por outro tem sido feita através de um accionista comum. Nos últimos anos, são vários os exemplos de clubes que partilham o mesmo proprietário. Um dos pioneiros neste tipo de gestão/investimento é Giampaolo Pozzo. Este multimilionário italiano começou por comprar o clube da sua cidade (Udinese) e, tem o lema “comprar barato, vender caro”, procurou criar pontes de negociações. Dessa forma, avançou para a compra do Granada, em Espanha, e, mais tarde, do Watford, em Inglaterra. Os três clubes têm sido como um “interposto” de jogadores, tendo como objectivo a valorização dos atletas para uma futura transacção. O sucesso desportivo, está longe de ser uma prioridade.
Embora numa perspectiva de negócio diferente, a Red Bull é um dos melhores exemplos de um accionista que, contornando os regulamentos da UEFA, controla mais do que um clube de futebol. A marca austríaca de bebidas energéticas, com uma forte implementação no desporto, tem o seu nome associado a três clubes: New York Red Bulls, RB Leipzig e Red Bull Salzburg. A presença na formação nova-iorquina não traz problemas regulamentares para a marca, mas o sucesso nesta época da equipa de Salzburgo (campeã com 18 pontos de vantagem) e de Leipzig (surpreendentes vice-campeões na Bundesliga) colocou a Red Bull em rota de colisão com a UEFA. Segundo o artigo 5 do regulamento de competições do organismo liderado por Aleksander Ceferin, relativo à “integridade da competição”, “nenhum clube pode, directa ou indirectamente, [...] ter acções de qualquer outro clube que participe numa competição de clubes da UEFA”. Com a qualificação do RB Leipzig e do Red Bull Salzburg para a próxima edição da Liga dos Campeões, os estatutos da UEFA estariam em causa e um dos clubes teria que abdicar da competição. No entanto, a Red Bull não teve quaisquer dificuldades em contornar os regulamentos da UEFA: Apesar de as duas equipas terem RB nos respectivos nomes, símbolos com um touro - a imagem da marca -, e equipamentos em tudo idênticos, foi comunicado este ano que a Red Bull já não é proprietária do campeão austríaco e o único vínculo que mantém com a equipa de Salzburgo é um contrato de patrocínio.