Países do Golfo Pérsico vão discutir resposta do Qatar às suas exigências

Governo de Doha enviou uma carta com a sua posição sobre o bloqueio e as exigências que lhe foram feitas. Arábia Saudita, Egipto, Bahrein e Emirados Árabes Unidos reúnem quarta-feira.

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O chefe da diplomacia do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, (à esquerda) é recebido pelo homólogo do Kuwait EPA/KUNA

O Qatar respondeu esta segunda-feira à lista de 13 exigências feitas pela Arábia Saudita e três outros países árabes para porem fim ao bloqueio diplomático e económico a Doha. O conteúdo da resposta não foi divulgado, mas será debatido numa reunião entre os ministros dos Negócios Estrangeiros dos quatro países na quarta-feira, dia que pode ser decisivo para esta grave crise diplomática no Golfo Pérsico.

Os países deram mais tempo ao Qatar para cumprir a lista de exigências para que o bloqueio seja levantado. O prazo dado pela Arábia Saudita, Bahrain, Egipto e Emirados Árabes Unidos terminava no domingo, mas os quatro países na linha da frente do isolamento do Qatar decidiram estender até terça-feira à noite a possibilidade de Doha cumprir as exigências. Os quatro países concordaram com a extensão do prazo depois de um pedido feito pelo Kuwait, que tem tido o papel de mediador da crise no golfo.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, deslocou-se ao Kuwait para entregar a carta com a resposta formal do Governo ao ultimato. O conteúdo da mensagem não é conhecido, mas o Qatar considera que as exigências feitas pelos seus vizinhos são incomportáveis. Porém, há disponibilidade por parte de Doha em negociar de forma a arranjar uma solução para “qualquer preocupação legítima” dos restantes países da região, escreve a Reuters.

A lista de 13 exigências inclui o encerramento da estação televisiva pan-árabe Al-Jazira, o fecho de uma base militar turca e a redução das relações diplomáticas com o Irão. O Qatar enfrenta um bloqueio decretado pelos quatro países, que acusam o Governo de apoiar o terrorismo e de ser próximo do Irão – o grande adversário geopolítico da Arábia Saudita pela hegemonia no Médio Oriente. Desde 5 de Junho que o pequeno Estado de 2,7 milhões de habitantes, rico em petróleo e gás natural, tem a sua única fronteira terrestre, com a Arábia Saudita, fechada e viu cortadas várias ligações aéreas e marítimas.

Na quarta-feira, os chefes da diplomacia dos quatro países vão encontrar-se no Cairo para avaliar quais os próximos passos. Em cima da mesa está a possibilidade de serem aplicadas novas sanções, que podem passar pela expulsão do Qatar do Conselho de Cooperação do Golfo e pela imposição de restrições aos países que continuem a fazer negócios com Doha. Antecipando um provável aprofundamento da crise, alguns bancos britânicos deixaram de negociar em riais qataris.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, esteve em contacto com os líderes da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos e do Qatar para apelar à “unidade na região”. Porém, quando a crise explodiu, Trump chegou a partilhar as acusações feitas contra o Qatar de fomentar o terrorismo. Os EUA têm uma importante base militar no Qatar, onde estão estacionados 11 mil soldados, que é também a sede do comando militar regional e a partir de onde é organizado grande parte dos bombardeamentos norte-americanos contra posições do Daesh na Síria e no Iraque.

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