Donald Trump sugere que foi ele quem provocou o isolamento do Qatar
Emir do Kuwait em Riad à procura de uma solução negociada para o conflito com o Qatar. Turquia também oferece mediação.
O Presidente dos Estados Unidos entrou na disputa diplomática entre o Qatar e os vizinhos do Golfo Pérsico ao dizer que a sua visita à Arábia Saudita “já está a dar resultados”. Numa série de tweets, Donald Trump disse que os líderes do Médio Oriente prometeram combater o extremismo e já estão a fazê-lo, ao cortarem relações com o Qatar.
“Durante a minha recente visita ao Médio Oriente, disse que não podia haver financiamento da ideologia radical. Os líderes apontaram o dedo ao Qatar”, escreveu Trump no Twitter. “A minha viagem já está a dar resultados. Eles disseram que iriam optar pela linha dura quanto ao extremismo. Talvez este seja o início do fim do horror do terrorismo”, escreveu, sugerindo que foi ele quem incentivou o isolamento do Qatar.
Na segunda-feira, a Arábia Saudita, o Bahrein, os Emirados Árabes Unidos, o Egipto e o Iémen romperam relações com o Qatar, e cortaram o acesso às suas fronteiras, com o argumento de que o país apoia o terrorismo mas também por causa da relação de Doha com o Irão — um país que tanto os sauditas como Trump querem isolar na região.
Ontem, e numa tentativa de solucionar a crise diplomática que pode arrastar a região para um novo período de grande instabilidade, o Kuwait e a Turquia posicionaram-se como mediadores do conflito. Mas os tweets de Trump — que chegou a afirmar estar “comprometido” com a crise diplomática no Golfo — incendiaram ainda mais o ambiente.
“Isto não é apenas um tweet”, comentou a jornalista da Al Jazira Patty Culhane que, a partir de Washington, explicou que o Presidente dos Estados Unidos só está a agravar uma “situação difusa”. A jornalista pergunta se as mensagens do Presidente foram um sinal de que está a ocorrer uma mudança na política externa americana em relação ao Golfo Pérsico, onde está localizada a maior base militar dos EUA no Médio Oriente — precisamente no Qatar. “Vamos estar atentos, mas não é isso que o Departamento de Defesa quer”, escreveu Culhane.
Ontem, o emir do Kuwait, o xeque Sabah al-Sabah, partiu para Riad para se reunir com o rei Salman da Arábia Saudita, em busca de uma resolução para o conflito. A Reuters dizia que o líder qatari, Tamim bin Hamad Al-Thani, falou ao telefone com o xeque e decidiu adiar uma comunicação ao país que tinha marcado para ontem à noite, até saber o resultado do encontro em Riad.
Também a Turquia deu sinais de se querer envolver na resolução desta crise através da diplomacia. Citado pelo jornal Washington Post, o porta-voz do Governo de Ancara, Ibrahim Kalin, disse que o Presidente Recep Erdogan já falou com os líderes da Arábia Saudita, do Kuwait e do Qatar sobre possíveis soluções, aproveitando a vantagem de ter boas relações com todas as partes. “O Presidente Erdogan iniciou o esforço diplomático para resolver esta disputa entre amigos e irmãos, em linha com o espírito do mês sagrado do Ramadão”, afirmou Kalin.