Após novo tweet, Trump é acusado de incitar à violência contra jornalistas
Montagem vídeo partilhada por Donald Trump mostra o actual Presidente a simular uma agressão a um homem com o logotipo da CNN a cobrir o rosto.
O Presidente norte-americano Donald Trump publicou neste domingo, na sua conta pessoal no Twitter, uma montagem vídeo em que o próprio surge a simular uma agressão a um indivíduo com o logotipo da cadeia de televisão CNN no rosto. O tweet foi posteriormente partilhado pela conta institucional da Presidência dos EUA.
O vídeo, que recupera imagens antigas de uma participação de Trump num evento de luta livre, onde toda a violência é encenada, é acompanhado pelas etiquetas #FraudNewsCNN (#NotíciasFraudulentasCNN) e #FNN. A montagem tinha surgido há dias no fórum virtual Reddit.
Em reacção, a CNN diz que “é um dia triste quando o Presidente dos Estados Unidos encoraja violência contra repórteres”. A estação de televisão, frequentemente criticada por Trump, acusa ainda a porta-voz da Casa Branca Sarah Huckabee Sanders de mentir – esta semana, Sanders tinha afirmado que “o Presidente, de forma alguma, encorajou alguma vez actos de violência, muito pelo contrário”.
“Em vez de se preparar para a sua deslocação ao estrangeiro, para o seu primeiro encontro com Vladimir Putin, lidar com a Coreia do Norte e trabalhar na sua lei de saúde, envolve-se em comportamentos imaturos muito abaixo do que a dignidade do seu cargo exige. Continuaremos a fazer o nosso trabalho. Ele deveria começar a fazer o seu”, lê-se ainda num comunicado da CNN.
Nos últimos dias, Trump intensificou os ataques dirigidos à comunicação social, repetindo acusações de fraude jornalística. A CNN tem sido o alvo principal das críticas do Presidente dos EUA, dias depois da estação ter retirado uma notícia onde se indicava incorrectamente que o Senado estaria a investigar as relações entre um membro da equipa de transição de Trump e o presidente de um banco russo – o canal de televisão pediu desculpa pelo caso e três jornalistas acabaram por se demitir.
No sábado, e num comício perante veteranos de guerra e membros da comunidade evangélica norte-americana na capital Washington, Trump acusou a imprensa de tentar “silenciar” o Presidente e os seus apoiantes.
“A imprensa falsa tentou evitar que chegássemos à Casa Branca, mas eu sou Presidente e eles não”, disse.
O incidente deste domingo acontece ainda depois de dois jornalistas da MSNBC, Mika Brzezinski e Joe Scarborough, terem acusado elementos da Casa Branca de uma tentativa de chantagem: ou pediam desculpa ao Presidente pelas suas críticas, ou um artigo com insinuações sobre a vida privada dos dois repórteres, que mantêm uma relação pessoal, seria publicado num tablóide.
O artigo em questão, que acabaria por ser publicado no início de Junho, indicava que o casal tinha iniciado a relação quando Brzezinski e Scarborough ainda eram casados com os anteriores parceiros. Fontes da Casa Branca negam estas acusações.
Na véspera destas acusações terem sido tornadas públicas, Trump insultou os dois jornalistas através do Twitter, sendo posteriormente criticado por destacados membros republicanos do Congresso. “Senhor Presidente, o seu tweet foi além do exigido pelo cargo e representa o que está errado com a política americana, não a grandeza da América”, disse o senador Lindsey Graham. “Por favor páre”, disse o senador republicano Ben Sasse.
Huckabee Sanders, porta-voz da Casa Branca, defendeu na altura Trump, argumentado que o eleitorado elegeu um Presidente que “não fica parado quando é atacado” e que “vai responder na mesma moeda” ao que considerou serem ataques por parte da imprensa.