Londres: mensagens dos que sabiam que iam morrer
Incêndio matou pelo menos 17 pessoas e polícia teme que número ainda vá crescer muito. Familiares e amigos contam as últimas palavras que ouviram de quem não conseguiu escapar.
“Adeus”, “gosto muito de ti”, “desculpem-me”. Familiares e amigos contam as últimas palavras que ouviram de pais, filhos, amigos que não conseguiam sair dos seus apartamentos no prédio de Londres em chamas, com o fumo a subir e nenhuma escapatória possível às chamas nas escadas. Depois destas palavras, muitos tentaram telefonar de novo, recebendo sons de telefone interrompido ou desligado. Esperam a pior das notícias.
“A minha irmã telefonou-me para dizer que havia um incêndio na torre”, contou ao diário The Telegraph Francis Dean. A sua irmã vivia no 14.º andar com o filho de dois anos. Ainda falaram algum tempo, a dada altura, um bombeiro pediu a Dean para falar com Zeinab. “Disse-lhe que tivesse calma, que os iam buscar. Repetiu-lhe isso várias vezes”, conta. “Mas a certa altura passou-me o telefone e disse-me: ‘diz-lhe que gostas muito dela’. Foi então que percebi que tinha de esperar o pior”. A chamada caiu e o telefone não voltou a dar sinal.
Gloria Trevisan, estudante de arquitectura, telefonou à sua mãe por volta das três da manhã para dizer que havia um incêndio no prédio em que vivia e que não era possível descer pelas escadas, que estavam em chamas. Ela disse “Adeus. Obrigada mãe por tudo o que fizeste por mim”, contou a advogada da estudante, que vivia com o namorado no 20.º andar, ao diário The Guardian. A família do casal fez “centenas de chamadas” para os dois. Sem resultados.
O professor Peter Vanezis, professor de medicina forense, disse que a maioria das vítimas terão morrido por inalação de fumo. “Se servir de algum consolo às famílias das vítimas, estas estão normalmente inconscientes quando o fogo chega. Há uma grande inalação de monóxido de carbono, o que torna as pessoas nauseadas e dá dor de cabeça e então desmaiam”.