BCE deixa de admitir novos cortes nos juros

Taxas continuam a zero, mas comunicado do BCE deixa de incluir promessa para baixar ainda mais os juros caso seja necessário.

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Conselho de governadores do BCE reuniu-se esta quinta-feira Reuters/Kai Pfaffenbach

Confirmando as expectativas dos mercados, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira que irá manter a sua principal taxa de juro de refinanciamento a zero e continuar a cumprir o programa de compras de activos actualmente em vigor. Os responsáveis do banco central deixaram contudo um pequeno sinal de que o início da retirada das políticas expansionistas está a começar a aproximar-se.

Depois da reunião realizada em Talin, na Estónia, os membros do Conselho de Governadores emitiram o habitual comunicado em que revelam quais as principais decisões adoptadas. Se por um lado, deixam claro que não há qualquer mudança radical e inesperada no rumo da política monetária na zona euro, por outro, aproveitaram a ocasião para, muito ligeiramente, mudarem o tom do seu discurso.

No comunicado foi modificada face às anteriores versões, a expressão em que era afirmado que o Conselho de Governadores esperava que as taxas de juro chave do BCE "se mantenham aos níveis actuais ou mais baixos por um longo período de tempo". Agora, aquilo que é dito é ligeiramente diferente, tendo sido retirada a expressão "ou mais baixos". Isto significa que a autoridade monetária já não está neste momento a contemplar um cenário em que venha a colocar a sua taxa de juro a níveis negativos ou a taxa de depósito a níveis ainda mais baixos.

Esta mudança no comunicado reforça a expectativa nos mercados de que, na conferência de imprensa a realizar a partir do início da tarde, o presidente do BCE possa vir a dar novas indicações em relação à forma como a autoridade monetária poderá vir a reagir à nova conjuntura de retoma económica mais forte na zona euro.

Dentro do próprio BCE existe um debate entre aqueles que consideram que é tempo de começar a dar sinais de inversão na política monetária expansionista e os que defendem que é melhor esperar mais tempo, já que não existem ainda sinais de uma aceleração consistente dos preços.

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