Trump anuncia investigação às fugas de informação sobre atentado de Manchester

Theresa May confirmou que ia ter uma conversa com o Presidente dos EUA sobre a necessidade de se manterem sob sigilo as informações partilhadas por serviços de segurança.

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Donadl Trump em Bruxelas, na sede da NATO Eric Vidal/Reuters

O Presidente dos Estados Unidos anunciou a abertura de uma investigação para apurar de onde partiu a fuga de informação sobre as investigações ao atentado terrorista em Manchester – informações classificadas dos serviços secretos e de segurança britânicos transmitidas às agências da informação americanas foram passadas aos media dos EUA.

Para Trump, as fugas de informação – que foram duramente criticadas pelo Governo do Reino Unido, por comprometerem a investigação – são "muito problemáticas" e constituem uma "grave ameaça" à segurança dos EUA, além de abrirem uma brecha na confiança entre os serviços secretos dos dois países, reconhece. Por isso, o Presidente norte-americano deu ordem ao Departamento de Justiça e às agências de informação para apurarem repsonsabilidades. "A minha Administração vai levar isto até ao fim", disse Trump em Bruxelas, onde esta quinta-feira participa na cimeira da NATO.

Trump fez questão de sublinhar a "relação especial" entre os dois países, que não quer que fique em causa com este incidente. "Não há relação que acarinhemos mais do que a relação especial entre os EUA e o Reino Unido", disse.

Com subtileza diplomática, e antes de Trump fazer as suas declarações (e de os líderes dos EUA e do Reino Unido poderem falar a sós), Theresa May criticara o comportamento das agências americanas às quais as britânicas passaram informações sobre o ataque terrorista, reivindicado pelo Daesh e que levou à detenção de suspeitos no Reino Unido e na Líbia. "A nossa parceria constrói-se com confiança. E parte dessa confiança vem de sabermos que as informações secretas podem ser partilhadas de forma confidencial. Vou dizer claramente ao presidente Trump que as informações partilhadas com agências que aplicam a lei devem manter-se seguras", afirmou, também em Bruxelas.

Quando há ataques terroristas, a polícia britânica é parca na divulgação de informações. Só quando tem dados confirmados é que os torna públicos, e nunca o faz na fase inicial das investigações, para não comprometer as operações. Na terça-feira, os media dos EUA divulgaram o nome do autor do atentado que matou 22 pessoas e deixou dezenas feridas, 23 em estado crítico — obrigando os britânicos a confirmarem a identidade do atacante e a avançarem com mais dados.

A ministra do Interior britânica, Amber Rudd, criticou a fuga e disse que a "intervenção" dos EUA na investigação era "irritante". "A polícia britânica pretende controlar o fluxo de informação para garantir a integridade operacional e o factor surpresa. Isto não pode voltar a acontecer", disse Rudd.

Mas o jornal The New York Times publicou imagens do local do atentado, uma delas mostrando o que pode ser o que restou do engenho explosivo. Todas as fugas de informação foram atribuídas a fontes dos serviços de informação dos EUA.

A cidade de Manchester anunciou que suspendia, temporariamente, a partilha de informações com as agências americanas. Mas a cooperação entre os dois países nesta matéria não está comprometida. May também o sublinhou:  "Em matéria de partilha de dados, temos uma relação especial com os EUA, que é o nosso mais próximo parceiro em matéria de defesa e segurança."

Uma fonte do Governo britânico citada pelo jornal The Guardian disse sobre a divulgação das imagens: "Estas imagens provenientes de dentro do sistema americano são claramente perturbadoras para as vítimas, para as suas famílias e para o público. É inaceitável."

Esta quinta-feira, o New York Times divulgou um comunicado a justificar a sua publicação: "As imagens e a informação apresentadas não desrespeitavam as vítimas e são consistentes com a linha editorial usada em crimes terríveis. Temos regras muito rígidas para cobrir estas histórias. A nossa cobertura do ataque foi responsável e contextualizada."

Donald Trump termina sábado uma viagem ao Médio Oriente e Europa, a sua primeira ao estrangeiro como Presidente. O périplo fica marcado por dois casos de quebra de confiança em relação a serviços secretos dos dois países que são os seus maiores aliados na troca de informações sensíveis. Além da "irritação" dos britânicos, o próprio Trump fez declarações que desagradaram aos israelitas.

No final de uma conferência de imprensa com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o Presidente dos EUA, e sem que ninguém lho tivesse perguntado, fez questão de dizer aos jornalistas que "nunca" mencionou o nome de Israel na conversa que teve na Casa Branca com o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov – na semana passada, foi acusado de ter passado informações secretas ao ministro russo sobre planos do grupo islamista Daesh para realizar atentados usando computadores armadilhados e de ter revelado que a informação tinha sido obtida por Israel.

Ao dizer que nunca mencionou Israel, como que confirmou a fonte da informação, violando as normas que regem a espionagem e que diz que as fontes das informações não são partilhadas, nem com aliados.

 

 

 

 

 

 

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