Integral André Santos e Marco Leão no Observatório de Famalicão

É uma década de trabalho - de A Nossa Necessidade de Consolo (2007) a Pedro (2016) -, a partir do território da intimidade. Empolgante. Será, em Outubro, o início do episódio dois do Close-up. O episódio 1 termina dia 12 com as nove horas de Shoah.

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André Santos e Marco Leão, em Outubro: uma década de trabalho de feroz coerência Nuno Ferreira Santos

A 12 e 13 de Maio, fecha-se o primeiro episódio do Close-up – Observatório de Cinema de Famalicão com a apresentação das nove horas de duração de Shoah, o monumento de Claude Lanzmann sobre o Holocausto, que levou o cineasta, ao longo de 12 anos, a entrevistar sobreviventes, testemunhas e criminosos, em 14 países, a visitar o silêncio que ainda falava, que ainda fala, nos locais onde o impensável aconteceu. Dividida em quatro partes, a apresentação começará a ser feita na noite de 6ªfeira, 12 de Maio (estendendo-se, depois, pelo dia 13), com introdução de José Marmeleira, doutorando no Programa Doutoral em Filosofia da Ciência, Tecnologia, Arte e Sociedade da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, no âmbito do qual prepara dissertação em torno do pensamento de Hannah Arendt - é também jornalista e crítico do PÚBLICO.

É na hora do encerramento deste episódio 1 – tudo começou em final de Outubro de 2016, com iniciativas a desenrolarem-se a cada dois meses – que os primeiros sinais do episódio 2 começam agora a ser visíveis. Acontecerá de 14 a 21 de Outubro em vários espaços da Casa das Artes de Famalicão, e eis alguns dos protagonistas: Wim Wenders, Tânia Dinis, que apresentará um filme, ainda sem título, na continuação do seu trabalho com arquivos e álbuns de fotografia, neste caso de família (é uma encomenda do Observatório), e uma integral dedicada à dupla André Santos e Marco Leão.

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A 12 e 13 de Maio, fecha-se o primeiro O episódio do Close-up com a apresentação das nove horas de Shoah

É quase uma década de trabalho - desde A Nossa Necessidade de Consolo (2007) até Pedro (2016) - sobre o território da intimidade, a partir do território da intimidade e com as histórias e as pessoas da intimidade - os filmes são rodados no círculo familiar ou de amizades, mesmo se aos poucos os actores profissionais começaram a aparecer, a partir de laços já existentes e que os filmes não alteram ou fabricam significativamente. Integrada, na programação do Close Up, num núcleo temático dedicado à Infância e Juventude, esta década de trabalho é de uma feroz e lírica coerência. Isso tornará a experiência, 10 anos de curtas como se fosse o mesmo filme, uma (re)descoberta empolgante.

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