Há um novo dinossauro na família jurássica

Paleontólogos de Portugal e Itália analisaram esqueleto de dinossauro descoberto em 1995 nos EUA e perceberam que se tratava de uma nova espécie. A grande família jurássica continua a aumentar.

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Palentólogos Emanuel Tschopp e Octávio Mateus no museu suíço, junto ao crânio do Galeamopus pabsti Octávio Mateus

Teria aproximadamente 17 metros, uma longa cauda, caminhava nas quatro patas e viveu no período do Jurássico Superior, algo como há 150 milhões de anos. O esqueleto de um dinossauro descoberto no Wyoming, nos EUA, integra a exposição permanente do Museu dos Sáurios de Aathal, na Suíça, há já alguns anos com uma placa que o apresentava como um exemplar do género Apatosaurus. Porém, segundo um artigo publicado esta terça-feira este exemplar é, afinal, uma nova espécie de dinossauro chamada Galeamopus pabsti.

O Galeamopus pabsti viveu há muito, muito tempo mas, oficialmente, só existe (para nós) desde o meio-dia desta terça-feira. Só agora se sabe que este exemplar descoberto há mais de 20 anos nos EUA pertence a uma nova espécie nunca antes descrita. O primeiro nome (Galeamopus) é o género, que significa “precisa de capacete”, porque tinha uma caixa craniana muito frágil, e o segundo nome (pabsti) é uma homenagem a um dos principais responsáveis pela sua descoberta em 1995, o paleontólogo Ben Pabst. A revelação é feita num artigo publicado online na revista PeerJ e que é assinado por paleontólogos do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Turim (Itália) e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e do Museu da Lourinhã.

São mais 120 páginas com uma descrição detalhada, vértebra por vértebra, costela por costela e de cada pedacinho do crânio, desenterrados (em duas fases) há mais de 20 anos. A única coisa que falta neste enorme esqueleto de dinossauro é uma parte da cauda, mas não é nada que impeça a estimativa do seu tamanho, que aponta para cerca de 17 metros de comprimento, desde a ponta da cauda à ponta do nariz. “É a mais recente de uma série de novas descobertas dos dois paleontólogos Emanuel Tschopp e Octávio Mateus, que começou em 2012 com a nova espécie Kaatedocus siberi”, anuncia o comunicado de imprensa sobre o artigo.

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Reconstituição artística do Galeamopus pabsti Davide Bonadonna

Até agora o Galeamopus hayi  era a única espécie descrita deste género, um novo ramo da árvore dos dinossauros que só surgiu há dois anos com uma descoberta feita pelos mesmos investigadores. Em pouco tempo – embora tenham passado mais de 20 anos desde a descoberta dos fósseis deste dinossauro jurássico por uma equipa suíça, liderada por Hans-Jakob “Kirby” Siber e Ben Pabst – o Galeamopus hayi ganhou um irmão.

O Galeamopus pabsti é semelhante aos famosos dinossauros famosos Diplodocus e Brontosaurus, mas com “pernas mais maciças e um pescoço particularmente alto e triangular perto da cabeça”, refere Octávio Mateus ao PÚBLICO. O paleontólogo confirma que há mais detalhes nas suas características morfológicas que fazem com que seja necessário distingui-lo de outros géneros e espécies já conhecidos, mas as suas pernas e a forma do pescoço serão as mais fáceis de confirmar.

É, assim, um novo saurópode – dinossauros herbívoros de quatro patas que marcaram o período Jurássico, com os seus longos pescoços e tamanho descomunal – que vem aumentar a já grande família dos diplodocídeos. O Galeamopus pabsti seria um saurópode primo do Apatosaurus, o nome do género que até agora constava na placa que apresentava o esqueleto do dinossauro baptizado como MaX na exposição do museu suíço. Podem continuar a chamar MaX à grande atracção do museu, mas em relação ao género, nota o paleontólogo, “é a altura de corrigir a placa”.

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Reconstituição artística do Galeamopus pabsti a ser devorado por outros dinossauros Davide Bonadonna

“As espécies deste grupo ocorrem também em África, na América do Sul, e na Europa, mas a diversidade mais elevada é encontrada nos EUA, de onde se conhecem mais de 15 espécies destes gigantes [diplodocídeos]”, adianta o comunicado, que acrescenta ainda que a “elevada e inesperada diversidade deste tipo de dinossauros deixa os paleontólogos perplexos e os estudos continuam para entender como tal diversidade poderia ser mantida naquele ecossistema em que viviam”.

Mais do que isso, e partindo do princípio de que este local de diversidade corresponde também ao local de origem destes dinossauros, Octávio Mateus tenta perceber como e quais deles fizeram a viagem até ao “bloco Ibérico” e, mais precisamente, até Portugal. Talvez, um dia, seja encontrado um Galeamopus pabsti por cá. 

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