CGTP: "De nada serve o diálogo, se este não tem eficácia"

Intersindical convoca manifestações em Lisboa e no Porto para 3 de Junho. Arménio Carlos fala em endurecer a luta, mas não em greve geral.

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Arménio Carlos explicou depois que a CGTP não quer derrubar o Governo mas ajudá-lo a andar mais depressa Rui Gaudêncio

Arménio Carlos quer mais gente na rua a defender os direitos dos trabalhadores, sem falar nunca em greve geral, mas a pedir mais concretizações ao Governo. "De nada serve o diálogo, se este não tem eficácia e não se traduz em medidas concretas e resolver os problemas em tempo útil", disse o secretário-geral da CGTP no discurso no fim da manifestação do 1.º de Maio.

Perante milhares de pessoas, na Alameda, em Lisboa, nesta segunda-feira, Arménio Carlos defendeu que ainda há muito por fazer e, por isso, convocou os trabalhadores para duas "grandes manifestações" em Lisboa e no Porto no dia 3 de Junho, mas nunca referiu a possibilidade de uma greve geral de trabalhadores, defendendo que é preciso privilegiar o diálogo com o Governo antes de chegar a isso. Já no discurso carregaria mais nas exigências. "Temos consciência que não se pode solucionar num mês aquilo que foi corroído ao logo de décadas e sobretudo nos últimos anos. Creio que estaremos todos de acordo em, hoje, aqui da Alameda, dizer ao Governo que não aceitamos que, um ano e meio depois de o Governo ter iniciado funções, não se tenha atacado os problemas que estão na origem das desigualdades e da pobreza laboral".

Em seguida pediu aos trabalhadores que se unam para pedir mais ao Governo. "Nem os avanços desta nova solução governativa caíram do céu, nem as alteações que se exigem serão alcançadas sem a continuação a intensificação da luta dos trabalhadores". "É preciso ir mais longe, intensificar a luta em cada local de trabalho", acrescentou.

Na lista de exigências ao Governo de António Costa, Arménio Carlos mencionou não só a eliminação "das normas do código de trabalho" que lá foram colocadas pelo executivo PSD/CDS, como a eliminação "da norma da caducidade" que impede os avanços na contratação colectiva" e ainda lembrou que é preciso integrar os precários do Estado. "O Governo não pode ficar impávido e sereno quando PSD e CDS lhe fazem um elogio por manter a legislação laboral do tempo da troika e dos despedimentos baratos".

No pacote de medidas, a CGTP lançou um "não" à proposta do Governo para as reformas antecipadas a quem tem mais de 40 anos de descontos que prevê, de acordo com Arménio Carlos, um corte de 37,5%. "Aqui fica a resposta em uníssono dos trabalhadores e trabalhadoras para a proposta em cima da mesa", disse.

Arménio Carlos ressalvou, no entanto, que os trabalhadores e a CGTP "valorizam o que foi feito", só não querem que o executivo fique "acomodado". Por isso, mais do que um desafio, estão a "dar uma força" ao Governo para andar mais depressa. "Podemos dizer que valeu a pena lutar e que é possível travar a política de destruição" dos direitos, defendeu. "Não é para deitar o Governo abaixo, é para acelerar as reformas e as medida para responder aos problemas com que o país se confronta", resumiu mais tarde em declarações à RTP.

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