Quercus quer menos consumo de supérfluos e descartáveis para reduzir pegada ecológica
De acordo com dados da Global Footprint Network, para 2013, a pegada ecológica portuguesa estava nos 3,9 hectares globais (gha) por pessoa, para uma biocapacidade (quantidade de área biologicamente produtiva) de apenas 1,5 gha.
A Quercus aconselhou os portugueses a reduzir a utilização de produtos supérfluos e descartáveis e de energia, recordando que, se todo o mundo tivesse o consumo médio dos portugueses, seriam necessários 2,3 planetas para fornecer recursos.
"É bastante preocupante que os portugueses tenham um nível de consumo, ou seja, de utilização de recursos, uma pegada ecológica [elevada] e que sejam necessários 2,3 planetas para sustentar o nosso nível de vida", disse à agência Lusa o presidente da Quercus.
Para João Branco, que se referia à média do consumo por habitante no país, Portugal está "claramente com um estilo de vida em que gasta mais recursos do que aqueles que o planeta nos dá" o que considerou ser "insustentável".
De acordo com dados da Global Footprint Network, para 2013, a pegada ecológica portuguesa estava nos 3,9 hectares globais (gha) por pessoa, para uma biocapacidade (quantidade de área biologicamente produtiva) de apenas 1,5 gha, o que resulta num défice ecológico de 2,3 gha, sendo necessários 2,3 planetas para alimentar este ritmo de consumo.
A associação ambientalista escolheu este tema para assinalar o Dia Mundial da Terra, que se comemora esta sexta-feira, e organizou iniciativas simbólicas em Vila Real, Aldeia de Água Formosa (Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco) e Seia (distrito da Guarda).
A redução das populações de animais, nomeadamente peixes, aves, mamíferos, anfíbios ou répteis, de mais de 50% nos últimos 30 a 40 anos, é também realçada pelo presidente da Quercus. "Mesmo as espécies que não estão extintas têm cada vez menos indivíduos e isso deve-se ao estilo de vida que os humanos têm no planeta Terra", acrescentou.
Os conselhos da Quercus para alterar a situação centram-se na alteração de comportamentos quotidianos como reduzir o consumo, principalmente de bens supérfluos e descartáveis, de embalagens, assim como de comida processada, já que "os produtos são obtidos de matérias-primas e energia vindas do planeta".
Diminuir o consumo ou poupar energia com pequenos gestos, como desligar as luzes, quando não são necessárias, ou o “stand by” dos aparelhos, podem fazer a diferença, segundo João Branco.
O ambientalista defendeu ainda a reciclagem dos resíduos para evitar a retirada de tantas matérias-primas da natureza, já que o lixo é transformado em material para fabricar novos produtos, opção que é a base da economia circular.
Como os combustíveis fósseis são dos maiores responsáveis pelas alterações climáticas, "é muito importante reduzir a pegada ecológica nesta vertente", com mudanças na utilização dos transportes privados, por exemplo, para pequenos percurso que podem ser feitos a pé, apontou ainda.
Em Vila Real, vai decorrer uma oficina sobre ervas e frutos silvestres comestíveis, "para mostrar que na natureza existem alimentos que podem ser recolhidos gratuitamente e, muitas vezes, não os conhecemos", explicou.
No Jardim Botânico de Coimbra está prevista uma oferta e venda de livros, durante o Mercadinho Biológico, em Vila de Rei, está organizado um passeio de reconhecimento de ervas comestíveis e em Seia vai realizar-se uma caminhada para dar a conhecer o Parque Natural da Serra da Estrela.