Sporting-Benfica, um derby com três equipas em campo

Sporting e Benfica defrontam-neste sábado em Alvalade. "Águias" defendem a sua tranquilidade no topo, "leões" querem aproximar-se. O FC Porto será um espectador atento.

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Sporting contra Benfica é sempre um jogo de valor intrínseco, esteja o que estiver em discussão. É sempre mais do que uma mera luta pelos pontos. É um jogo que envolve história, é uma rivalidade de cidade que se espalha pelo país e por cada pedaço do mundo onde haja um “encarnado” e um “verde-e-branco”. Claro que o grande derby de Lisboa é sempre mais interessante quando estão em causa pontos que podem ajudar a decidir o título de campeão. Neste sábado, em Alvalade, não será uma discussão directa entre os dois porque, à entrada para a 30.ª jornada, a distância entre “águias” e “leões” é de oito pontos – e, pelo meio, está outra parte interessada, o FC Porto, que jogaram no domingo com o Feirense sabendo o que se passou em Lisboa - mas é um jogo que pode simplificar muita coisa nas contas do campeonato. Ou complicar tudo outra vez.

Como as contas estão, o Benfica líder com três pontos de vantagem sobre o FC Porto e oito sobre o Sporting, os “encarnados” são os únicos que são donos do seu próprio destino na aceleração final para o título. Que é o mesmo que dizer, apenas a equipa de Rui Vitória depende de si própria para chegar a um inédito “tetra”, mas uma derrota em Alvalade deixa-a à mercê de ficar com a companhia do FC Porto no topo. Os “encarnados” ultrapassaram um dos cabos das Tormentas do seu calendário, a recepção ao FC Porto na Luz (que deu empate) e têm outro pela frente, de elevado grau de dificuldade, frente a um adversário que está a atravessar o seu melhor momento da época e que ainda olha para cima.

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Historicamente, o Benfica tem sido feliz nas suas últimas visitas a Alvalade em jogos para o campeonato. Nas últimas dez temporadas, os “encarnados” venceram por quatro vezes e perderam duas (mais quatro empates), sendo que não perderam no campo dos “leões” nas últimas três épocas. E foi em Alvalade que o Benfica virou o campeonato a seu favor na época passada. Ganhou por 1-0 à 25.ª jornada, ultrapassou o Sporting e segurou a vantagem de dois pontos até ao fim, apesar da perseguição cerrada dos “leões” – Jorge Jesus não se tem cansado de dizer que ainda não acredita que não foi campeão com 86 pontos.

Dito isto, o empate será sempre um mal menor para o Benfica, mas isso não quer dizer que os “encarnados” vão estar formatados para jogar para o ponto em Alvalade. “A nossa perspectiva é jogar em qualquer campo com o propósito de ganhar. É assim que vamos a Alvalade, respeitando uma equipa com qualidade e bem organizada. Temos cinco finais e esta é a próxima, frente a um adversário valoroso”, sustenta Rui Vitória, que teve um mau início frente ao Sporting de Jesus (três derrotas nos três primeiros embates), mas que equilibrou as contas com o tal derby da época passada e com o da Luz já na presente temporada. Mas uma vitória e estatística entre os dois treinadores fica completamente empatada.

As esperanças do Sporting para esta época continuam presas pela “velha questão da matemática”, como Jesus lhe chamou. Os “leões” podem ter chagado atrasados à festa, mas ainda pode ter esperanças por mais um par de jornadas. Uma derrota com o Benfica, a distância passa a ser de 11 pontos e o Sporting pode fechar a sua classificação já na próxima jornada. Mas os “leões” estão na sua melhor fase, com cinco vitórias consecutivas e oito nos últimos nove jogos. Já estiveram a 12 pontos da frente, estão a oito e podem passar a cinco. Vão faltar quatro jornadas e 12 pontos por disputar.

Jesus reconhece a enorme montanha que o Sporting tem para escalar no que ao título diz respeito. “Estamos longe de disputar o título e o importante é jogar com qualidade e ganhar. Não temos nada a ver com as questões de terceiros. Temos é que ter paixão, sentimento, responsabilidade, crença e ganhar seja a quem for”, reconhece o treinador “leonino”, para quem uma vitória sobre o rival não será grande consolação para uma época bem encaminhada para ser de zero conquistas: “"Uma vitória não salva nada. Este clube vive de uma identidade de conquistas e títulos. Estamos num processo evolutivo, a montar uma estrutura de forma a poder combater os dois rivais e seguimos no caminho certo."

Num sábado em que os portistas vão ser sportinguistas (mas também terão de fazer o seu trabalho no Dragão um dia depois), este será um derby em que já pouco se fala das relações passadas entre Jesus e o Benfica, em que não se fala de estruturas e de cérebros. Vai ser o Benfica de Rui Vitória, o campeão e o treinador campeão, contra o Sporting de Jorge Jesus, o pretendente matemático (ainda) ao trono e um treinador à procura de uma nova dinastia de triunfos. Mas isso não quer dizer que se vão cumprimentar antes ou depois do jogo. Fizeram essa pergunta a Vitória e Jesus. Nenhum disse que sim.

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