Luís Represas “achou que sim” e celebra em Elvas 40 anos de carreira
Com orquestra sinfónica, coros e Carlos do Carmo, António Victorino d’Almeida e Cuca Roseta por convidados, Luís Represas celebra este sábado 40 anos de carreira no Coliseu de Elvas.
A ideia de celebrar não foi dele. Foi uma coincidência. Mas à medida que foi avançando a proposta de juntar um concerto em Elvas à celebração dos 40 anos de carreira, Luís Represas foi concordando: “É bom celebrar coisas, mas não porque é obrigatório celebrar. Acontece que, num concerto com orquestra, em Elvas, em Outubro de 2016 [no Mês da Música], tivemos de mudar de sala, para uma sala mais pequenina. Correu muito bem, foi muito bonito, mas ficou muita gente de fora. E ficámos com pena.” Foi então que Luís Zagalo, director pedagógico da Academia de Música de Elvas, propôs um novo concerto em 2017, na mesma cidade mas numa sala maior. Luís Represas aceitou, o presidente da Câmara, Nuno Mocinha, também, e o projecto avançou. E foi crescendo. Se era um novo concerto, porque não aproveitar para celebrar ali os 40 anos de carreira? E que tal uma orquestra maior? E com convidados que ali fizessem sentido?
Foi-se então, assentando as bases do novo concerto. Seria no Coliseu Comendador Rondão Almeida (com capacidade até 7500 espectadores!), teria uma orquestra, a Sinfónica Ibérica, com o triplo dos músicos da orquestra anterior, contaria com um coro juvenil de quase 200 vozes (o Coro Juvenil do Alto Alentejo, composto por jovens e crianças da Academia de Música de Elvas, do Colégio Luso-Britânico e do Centro Educativo Alice Nabeiro), dois outros grupos locais e, ainda, três convidados especiais: Carlos do Carmo, António Victorino d’Almeida e Cuca Roseta. Isto além dos músicos que acompanham Luís Represas: Alexandre Alves (bateria), Cícero Lee (baixo), Carlos Garcia (teclados) e Tiago Oliveira (guitarra). E dos músicos que decerto acompanharão os convidados, nomeadamente Carlos do Carmo. É este sábado, 22 de Abril, às 22h.
Carlos do Carmo, a estreia
Apesar da ousadia e aparente gigantismo do empreendimento, Luís Represas está satisfeito com a oportunidade e sobretudo com a sua descentralização. “O Trovante sempre fez finca-pé em que as produções que apresentava em Lisboa e no Porto fossem o mais próximas possível das que apresentava no resto do país. Ora fazer isto em Elvas, uma grande produção, e Elvas está a hora e meia de Lisboa, é muito bom.” Quanto aos convidados, teriam de fazer sentido e, explica ele, fazem. A começar por Carlos do Carmo. “Somos amigos há 40 anos, eu comecei a ir aos fados aos 19 anos, com o Chico Viana, conheci o Carlos aí e nunca fizemos nada juntos.” Pois será em Elvas a primeira vez. “É muito bom encontrarmo-nos agora num palco e irmos cantar juntos.”
E António Victorino d’Almeida? “É um homem que tem uma grande tradição em Elvas, como músico e como cidadão, propuseram-me trabalhar com ele e tenho todo o gosto. Conheço-o há muitos anos e também nunca fizemos nada juntos.” Cuca Roseta, por sua vez, diz ele, “vem de uma nova geração que não é tão agarrada só ao fado e tem uma versatilidade que se pode encaixar muito bem no que se pretende deste espectáculo.”
Com Carlos do Carmo, Luís Represas quer cantar um tema novo, que compôs, e pediu-lhe que escolhesse um outro tema. Com António Victorino d’Almeida, quer privilegiar a relação dele com a orquestra de Elvas e também o trabalho com Carlos do Carmo. Já quanto a Cuca Roseta, a colaboração passa também por um acerto prévio entre os dois
Novo disco em Setembro
O novo single de Luís Represas, Se achas que sim, também se fará ouvir em Elvas. É, para já, a única canção dada a conhecer do seu oitavo álbum a solo, com produção de Fred (dos Orelha Negra) e B Fachada e que está a ser finalizado em estúdio, de modo a poder ser editado em Setembro. “Tenho praticamente o disco todo feito. No entanto, se me surgirem músicas novas, não digo que não possa substituir alguma coisa.”
O que esperar do novo disco? “Houve uma mudança muito grande em relação à forma de compor. Primeiro surgiu a música, a estrutura melódica e harmónica, e só depois a letra. Aconteceu também trabalhar com o Jorge Cruz [Diabo na Cruz], fizemos umas coisas em conjunto, e fui buscar um produtor, o Fred, que depois sugeriu também o B Fachada. Aqui faço um mea culpa por algum isolamento que tive em relação às coisas novas que iam surgindo. É de facto uma burrice. Quando digo isolamento quero dizer não ouvir o que se está a fazer. E isso é destruidor.” A experiência actual, com o novo disco, compensa-o de algum modo dessa falha, reconhece. “Estou muito satisfeito com o resultado que isto está a ter. E também por ter aberto um pouco essa janela.”