Presidente da concelhia de Lisboa do PSD bate com a porta

Mauro Xavier sublinha as divergências com a actual liderança do partido e assume que a questão da liderança deve ser colocada depois das eleições autárquicas, independentemente dos resultados.

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Mauro Xavier, à esquerda na foto, deixa a liderança da concelhia lisboeta do PSD MARIO CRUZ

Numa carta aberta aos militantes do seu partido e partilhada no Facebook, Mauro Xavier, líder da concelhia de Lisboa do PSD, anuncia que esta quinta-feira presidirá pela última vez àquela estrutura local, para a qual foi eleito há cinco anos, e queixa-se de Teresa Leal Coelho, a candidata do PSD à câmara lisboeta, ter recusado dialogar e reunir com a concelhia. 

"Tenho hoje o mesmo despreendimento em relação aos cargos com que me atirei à tarefa de unir a concelhia de lisboa e de a liderar durante cinco longos anos de difícil oposição. Por isso apresentarei aos órgãos competentes a minha demissão", escreve Mauro Xavier, que já antes havia demonstrado a sua insatisfação. "A última coisa que desejo é que os militantes de Lisboa, ou a sua concelhia, sejam uma espécie de obstáculo, ruído de fundo ou pretexto".

Em pouco mais de 400 palavras, o social-democrata sublinha que são conhecidas as suas "diferenças de opinião relativamente à condução" do processo de escolha da candidata do PSD à Câmara Municipal de Lisboa e mesmo a sua "divergência em relação à atual liderança", mas defende que isso em nada condicionou o seu empenho e vontade de vencer Lisboa. "Não sou daqueles que partilha de uma visão catastrofista destas eleições. Pelo contrário. Somos o Partido Social Democrata. Temos todas as possibilidades de vencer estas eleições. Mais do que isso. Temos o dever e a responsabilidade histórica de vencer estas eleições."

A dois meses de terminar o seu mandato na concelhia, e a seis meses das eleições autárquicas, Mauro Xavier escreve que tinha todas as condições políticas para continuar. "Porém", acrescenta, "acredito que a candidata e o líder do partido devem ter toda a liberdade para tomarem as decisões que entenderem, como entenderem e quando entenderem. Ainda para mais quando a candidata recusou expressamente e publicamente dialogar ou reunir com a estrutura do PSD em Lisboa". 

Na TSF, já depois de a carta ter sido tornada pública, Mauro Xavier disse que não se sentia um elemento "catalizador da mudança" necessária, mas assumiu que não deixará a política, mantendo-se como militante de base e participando na campanha. Sobre as divergências existentes, explicou que são duas: uma de tempo, porque a escolha do candidato à capital devia ter-se dado muito antes de Março; e outra de estratégia, relacionado, por exemplo, com o facto de a candidatura ter sido anunciada há 30 dias e, desde então, não ter acontecido nada.

Sublinhando que o combate se deve centrar “na oposição ao Fernando Medina e não nas divergências internas do PSD”, Mauro Xavier explicou em declarações à agência Lusa que a sua demissão “não tem que ver nem com a forma como o nome foi escolhido", nem com o nome em si próprio. “Eu entendia que já deveríamos ter candidato a um ano antes das eleições e temos um candidato a seis meses das eleições”, afirmou, lembrando que as divergências têm a ver “com a discussão do programa que irá ser apresentado à cidade e com o contributo que o PSD de Lisboa possa ter nesse processo”.

Questionado pela TSF sobre a sucessão no PSD, o líder da concelhia lisboeta disse que "este não é o tempo" de discutir a liderança. "Precisamos de uma diferente", mas a discussão terá de se colocar "após as autárquicas, independentemente dos resultados." 

Quanto à concelhia, será o vice-presidente a assumir a liderança, como está previsto nos estatutos.

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