Candidatura a Lisboa abre guerra interna no PSD

Teresa Leal Coelho deve ser confirmada no domingo pela distrital, mas há muito desconforto sobre o nome - e a forma como Passos Coelho geriu o processo.

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Teresa Leal Coelho Nuno Ferreira Santos
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Passos Coelho visitou ontem a Bolsa de Turismo de Lisboa LUSA/INÁCIO ROSA

Ainda o nome do candidato do PSD a Lisboa não foi confirmado oficialmente e já a polémica começa a estalar: Passos Coelho indicou Teresa Leal Coelho, vice-presidente e deputada, como a candidata do partido à Câmara Municipal de Lisboa - e no partido muitos começaram a contestá-lo. Ontem, no Parlamento, alguns dos mais próximos do líder manifestam-se incrédulos ("mas é mesmo?"), enquanto os mais críticos não o poupavam, considerando que travará um combate muito desigual com o socialista Fernando Medina ("não vai ser fácil passar Assunção Cristas", na fórmula usada por um deputado ouvido pelo PÚBLICO). O próprio coordenador autárquico do partido, Carlos Carreiras, sem confirmar o nome da deputada, admitiu esta quinta-feira, à Rádio Renascença, que não consegue garantir que “seja consensual”, mas espera que tenha um “largo consenso”.

Mas a crítica interna era também ao método. É que Passos passou o anúncio para a distrital de Lisboa, excluindo a concelhia do processo. Esta sexta-feira está, de resto, marcado um plenário da estrutura local que, ao que o PÚBLICO apurou, não deverá ser pacífico. Mauro Xavier, o líder da concelhia, deu conta do seu incómodo pessoal numa nota no Facebook: “Enquanto presidente do PSD-Lisboa venho demonstrar o meu profundo desagrado com a metodologia escolhida e pelo não envolvimento da concelhia do processo”, escreveu o dirigente, remetendo uma avaliação para o pós-eleições (“os balanços só devem ser feitos depois dos votos contados”).

O que se contesta na estrutura é alegada violação dos estatutos do partido que prevêem que sobre os candidatos autárquicos tem de ser ouvida a concelhia, depois a distrital e só numa terceira fase são homologados pela comissão política nacional. Esta decisão de Passos Coelho – que pode avocar qualquer processo autárquico para a direcção e tomar decisões – acaba por não surpreender muitos sociais-democratas, tendo em conta o que se passou nos últimos meses. Apesar de o timing para apresentar as candidaturas autárquicas ter sido apontado para o final de Março como prazo limite, várias vozes nas estruturas locais colocaram pressão publicamente para acelerar o calendário.

Há quem lembre também que Mauro Xavier remeteu a escolha do candidato para Lisboa para o líder do partido. E quem não esqueça que, em Setembro do ano passado, o líder da concelhia anunciou, sem aviso prévio, que José Eduardo Martins, um crítico de Passos Coelho, era o coordenador do programa autárquico para Lisboa. Questionado pelo PÚBLICO sobre se a sua intervenção nos últimos meses não terá contribuído para esta exclusão da concelhia, Mauro Xavier não quis comentar e remeteu o balanço para depois dos votos contados. É para esse momento que os sociais-democratas apontam a hora da avaliação da liderança de Passos Coelho. Não só pelo resultado geral das autárquicas – que como o próprio já admitiu são difíceis de vencer pelo PSD – mas também pelo caso de Lisboa em que a escolha foi sua, sem que o dossier tenha sido colocado em cima da mesa nas reuniões da comissão política dos últimos meses.

Com o nome da vereadora a ser apontado como a hipótese mais forte nos últimos dias, Pedro Passos Coelho não desfez esta quinta-feira as dúvidas. Em declarações aos jornalistas, citadas pela Lusa, durante uma visita à Bolsa de Turismo de Lisboa, o líder do partido afirmou apenas que será “uma boa escolha” e que permitirá “mobilizar as pessoas não apenas para uma campanha mas para um mandato” que gostaria que “fosse muito diferente do que tem existido até aqui”. Estas declarações intrigaram até alguns sociais-democratas, tendo em conta que Teresa Leal Coelho faz parte da equipa de quatro vereadores eleitos para a Câmara Municipal de Lisboa em 2013 - num resultado que, de resto, nem em coligação passou dos 22,4%. Este ano, o CDS vai sozinho e Assunção Cristas é uma adversária já com meses de campanha e com a visibilidade própria de uma líder partidária. com D.D.

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