Três mortos, 500 detidos e dois canais de televisão suspensos na Venezuela

O número de vitimas mortais e detidos continua a aumentar. Organização não-governamental conta mais de 500 detenções só na quarta-feira.

Ao longo do dia foram-se registando vários momentos de violência
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Ao longo do dia foram-se registando vários momentos de violência Reuters/STRINGER
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Ao longo do dia foram-se registando vários momentos de violência Reuters/JOSE LUIS GONZALEZ
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Ao longo do dia foram-se registando vários momentos de violência Reuters/CARLOS EDUARDO RAMIREZ
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Ao longo do dia foram-se registando vários momentos de violência Reuters/HANDOUT
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Ao longo do dia foram-se registando vários momentos de violência LUSA/MIGUEL GUTIERREZ
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Ao longo do dia foram-se registando vários momentos de violência LUSA/Cristian Hernández
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Ao longo do dia foram-se registando vários momentos de violência LUSA/Cristian Hernández

Um militar venezuelano foi morto a tiro na quarta-feira, num protesto violento contra o Governo em San Antonio de los Altos, no estado de Miranda, perto de Caracas, informou o Defensor do Povo, Tarek William Saab. O segundo sargento da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada), Neomar San Clemente Barrios, foi morto por um atirador no município de Los Salias, localidade próxima da capital venezuelana. Esta é a terceira vítima mortal dos protestos desta quarta-feira, que causaram também a morte de dois civis, um em Caracas e outro no estado de Táchira. As duas vítimas foram atingidas a tiro. Os autores dos disparos não foram ainda identificados, mas informações preliminares sugerem que não participariam nas manifestações.

Além dos três mortos, os protestos - que se deverão prolongar esta quinta-feira - provocaram feridos. Entre eles está o coronel, Juan Carlos Arias, indicou o Defensor do Povo, uma das instâncias do Poder Cidadão na Venezuela, que promove e defende os Direitos Humanos no país.

O deputado pró-governo Diosdado Cabello, um dos homens mais influentes do regime, referiu-se ao incidente durante o seu programa semanal na televisão estatal e responsabilizou o governador de Miranda e ex-candidato presidencial, Henrique Capriles.

Para além das vítimas mortais – nove, em três semanas de protestos, incluindo dois agentes de segurança –, as manifestações contra o Governo já levaram à detenção de centenas de pessoas. Só esta quarta-feira, foram detidas pelas autoridades venezuelanas mais de 500 pessoas pela GNB, aponta o director da organização não-governamental Foro Penal Venezuelano, Gonzalo Himiob.

"Está a aumentar o número de detidos que estamos a registar. São mais de 400 a nível nacional", escreveu num primeiro momento o director da organização não-governamental Foro Penal Venezuelano, Gonzalo Himiob, através da sua conta no Twitter.

Horas mais tarde, Himiob partilhou uma nova actualização de dados, em que o número de detidos sobe para 521 pessoas.

As rádios locais dão conta de que, na noite de quarta-feira (madrugada desta quinta-feira em Lisboa), as autoridades terão detido um número indeterminado de pessoas que tomaram as ruas do município San Antonio de Los Altos (a sul de Caracas), em protesto pela repressão policial contra manifestantes opositores.

Os manifestantes colocaram barricadas e atacaram vários funcionários da Guarda Nacional Bolivariana. No Twitter, circulou uma foto de um tanque militar incendiado por manifestantes. A 19 de Abril, os venezuelanos comemoram o primeiro grande passo em direcção à independência do domínio espanhol, mas este ano as atenções viraram-se para mais uma grande manifestação contra o Presidente Nicolás Maduro.

Governo corta transmissões

As autoridades venezuelanas ordenaram a suspensão das emissões por parte das operadoras de televisão por cabo que transmitiam as manifestações da oposição na quarta-feira. Os canais El Tiempo, da Colômbia, e Todo Notícias, da Argentina foram as visadas pelo Governo. A medida foi ordenada pela Comissão Nacional de Telecomunicações da Venezuela (Conatel) e confirmada aos jornalistas pelo presidente da operadora Directv, Héctor Rivero.

Segundo a imprensa venezuelana, durante as manifestações a favor e contra o Presidente Nicolás Maduro, várias pessoas disseram, através das redes sociais, que o sinal do canal tinha desaparecido.

A Associação de Entidades Jornalísticas da Argentina (ADEPA) emitiu um comunicado informando que "os protestos captaram a atenção dos meios de comunicação internacionais, entre eles o Todo Notícias, cujo serviço foi interrompido durante a transmissão das mobilizações".

Segundo a ADEPA trata-se de "um grave acto de censura, que se inscreve no agravamento do deterioramento democrático na Venezuela". Entre os canais internacionais suspensos recentemente pelas autoridades venezuelanas estão a CNN em espanhol, a NTN24 e a RCN.