Militares e polícias uniram-se para reprimir milhares de opositores em Caracas
Os manifestantes protestavam contra a ruptura da ordem constitucional e exigiam ainda a demissão dos magistrados do Supremo Tribunal de Justiça.
Funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar) e da Polícia Nacional Bolivariana (PNB), reprimiram esta quinta-feira, conjuntamente, milhares de opositores, que saíram às ruas de Caracas, em protesto contra a ruptura da ordem constitucional.
Os manifestantes exigiam ainda a demissão dos magistrados do Supremo Tribunal de Justiça que na semana passada emitiram duas sentenças limitando a imunidade dos parlamentares e atribuindo àquele organismo as funções do parlamento venezuelano.
Apesar de os acessos a Caracas terem amanhecido bloqueados por funcionários da GNB, a oposição juntou, segundo os organizadores, mais de 5000 pessoas, que tomaram a auto-estrada Francisco Fajardo, desde Altamira (leste), até ao centro, junto à Defensoria do Povo (espécie de procuradoria popular) para depor Tarek William Saab, que dizem ser favorável ao regime.
À chegada ao El Recreo (centro-leste) os GNB colocaram uma barreira com grandes camiões, impedindo a circulação em ambos os sentidos (oito faixas) e atacaram os manifestantes com gás lacrimogéneo e jactos de água, enquanto jovens opositores, vários deles encapuzados, atiravam pedras contra as forças de segurança.
"Isto parece uma batalha campal, atacam de um lado e do outro contra-atacam. Já estamos cansados de um regime que, em nome do povo, ataca o povo e considera como 'verdadeiro' povo apenas os que o apoiam. Queremos que Nicolás Maduro (Presidente) reconsidere porque não votámos por uma ditadura", explicou um jovem estudante, telefonicamente, à agência Lusa.
Manuel Barreiro, frisou ainda que simpatiza "mais com a esquerda do que com a direita, mas a política venezuelana é bastante questionável, principalmente quando o estar no poder é o que conta".
Por outro lado, há imagens, do canal de Youtube Venezuelanos Pela Informação (VPI tv), de oficiais da Polícia Nacional Bolivariana a atirarem pedras contra manifestantes.
O operador de câmara do canal, Elvis Fores, foi entretanto detido pelas autoridades.
Além de El Recreo, há registos também de repressão policial em Bello Monte, Chacao, Chacaíto e Altamira. Em El Rosal (leste), os cidadãos fizeram retroceder várias vezes, por pelo menos 500 metros, as forças de segurança.
A polícia atacava os manifestantes, que respondiam com pedras, bocados de árvores, garrafas, objectos de metal, enquanto gritavam palavras de ordem como "mais democracia".