Banco de Portugal quer que gestores do Haitong vão à escola

Banco de Portugal está à espera que o Haitong entregue a lista com os nomes para os órgãos sociais que terão de incluir independentes

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Hiroki Miyazato (à esquerda) é o presidente executivo do Haitong Bank. Rui Gaudencio / Publico

Alguns quadros superiores do Banco Haitong, que incluem administradores chineses, vão submeter-se a cursos de formação, designadamente, sobre boa governação, apurou o PÚBLICO.  

Esta terça-feira, a gestão do banco Haitong ficou a saber que o Banco de Portugal via com bons olhos que vários dirigentes de topo frequentem programas "curriculares" que envolvem, por exemplo, acções de formação profissional relacionadas com a estratégia bancária e a actividade financeira. Matérias relacionadas com o risco financeiro, a regulação, o código de conduta,o respeito pelas regras e o controlo interno.  

Inquirido sobre o tema o porta-voz do Haitong, António Cunha Vaz, começou por “negar que o BdP tenha pedido o que quer que fosse” à instituição que representa “em matéria de formação de quadros”. Avançou, “de todo modo, que o Haitong está a preparar a lista final dos órgãos sociais [para a entregar ao BdP] e, sendo assim, e tendo em conta que alguns gestores são provenientes de mercados com regulações distintas da europeia, decidiu que procederá à formação desses quadros para que possam exercer as suas funções” em Portugal. Finalmente, clarificou: “O Banco Haitong considera legítimo que o BdP, no exercício das suas funções de supervisão preventiva, exija a quem opere no mercado, que cumpra as regras em vigor.” 

Para além do presidente, Hiroki Miyazato, são executivos Christian Minzolini, Mo Yiu Poo (o CFO), Alan Fernandes (com o pelouro do Brasil) e Paulo Martins. A administração conta ainda com Pan Guangtao, Lin Jong e Vicent Camerlynk, todos ligados ao investidor chinês. David Hobley estará de saída. Um dos nomes que tem sido referido como hipótese para entrar na gestão é o de Nuno Cardoso, que está em Nova Iorque à frente da sociedade de corretagem do banco, mas o PÚBLICO apurou que não é certo que aceite.

Informações que surgem num momento em que o investidor chinês Haitong, que em 2014 adquiriu a instituição, está a contactar personalidades independentes para integrarem os órgãos sociais do banco de investimento português. O que é, aliás, uma exigência acrescida do Banco de Portugal, que está a aguardar que lhe sejam submetidos em breve os nomes para validação de condições de exercício das funções e de idoneidade.  

Recorde-se que, a 12 de Abril, ficou a saber-se que ao contrário do que o próprio tinha confirmado em Dezembro, Pedro Rebelo de Sousa não ia afinal sentar-se na administração do Haitong, como independente e não executivo. A reviravolta deu-se depois de ter sido anunciado que o advogado ia presidir à Assembleia Geral do BCP, também controlado por outro investidor chinês, a Fosun (dona da Fidelidade e da Luz Saúde).

A decisão de Rebelo de Sousa, que se justificou por não se incluir no novo plano de acção do Haitong, não é alheia ao facto de o banco de investimento ter entrado num ciclo diferente que pode culminar em novos ajustamentos no percurso estratégico. E que já levou à redução dos efectivos em 30% e à aprovação de um mega plano de capitalização de 419 milhões de euros, o que foi também uma imposição do supervisor.

Há três anos, o Haitong adquiriu ao Novo Banco o BESI (o braço de investimento do BES, liderado durante anos por José Maria Ricciardi) por 379 milhões de euros. Contas feitas, somando as duas parcelas, o montante de injecção de fundos e o que foi aplicado na compra, o accionista já investiu no banco de investimento 800 milhões de euros. 

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