Pedro Rebelo de Sousa deixa Haitong por "não ser uma mais-valia" nos seus planos

Rebelo de Sousa informou, esta quarta-feira, que não ficará na gestão não-executiva do banco, pois o seu perfil não se enquadra nos planos de actividade da instituição chinesa. E vai ocupar funções nos órgãos sociais do BCP, também dominado por um investidor asiático, a Fosun.

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Pedro Rebelo de Sousa é irmão do Presidente da República. xx direitos reservados

A administração não-executiva do Banco Haitong, ex-BESI, soube esta quarta-feira que já não vai contar com Pedro Rebelo de Sousa, ao contrário do que tinha sido anunciado pela instituição, apurou o PÚBLICO. Mas o nome do advogado vai ser proposto para presidir à mesa da assembleia geral do BCP, por indicação de outro investidor chinês, a Fosun.

A decisão de Pedro Rebelo de Sousa se afastar da lista dos órgãos sociais do Haitong foi comunicada ao banco liderado por Hiroki Miyazato esta quarta-feira. E confirmada ao PÚBLICO ao final da tarde por fonte da instituição (o ex-BESI), que clarificou: com a publicação “do programa Haitong 2025 [onde se define a estratégia do grupo]” e que “se foca em actividades e serviços que não aquelas nas quais o senhor dr. Pedro Rebelo de Sousa entendia que o seu contributo poderia ser uma mais-valia”, o advogado veio solicitar “a escusa à aceitação do convite inicial”. O banco de investimento informou ainda que vai enviar uma nova “lista completa de nomes que integrarão os seus órgãos sociais.”

O auto-afastamento de Rebelo de Sousa coincide com o quadro de turbulência que se vive dentro do banco de investimento, que se prepara para avançar com um aumento de capital de 339 milhões de euros, a que se juntará a conversão em capital social de um instrumento financeiro subordinado de 80 milhões de euros (elegível para fundos próprios adicionais de nível Tier 1). 

Deste modo, e ao contrário do que chegou a ser veiculado esta semana na comunicação social, Rebelo de Sousa não acumulará cargos sociais em dois bancos, o Haitong e o BCP, que de comum apenas têm a nacionalidade do principal accionista, que em ambos é chinesa. A iniciativa de se afastar do banco de investimento, surge depois de, no final de 2016, o advogado ter confirmado que aceitara o convite e da sua nomeação ter sido validada em Dezembro, em reunião do conselho de administração do Haitong Bank. Mas ao Banco de Portugal (BdP) nunca chegou um pedido de avaliação de idoneidade.

A indicação de que Pedro Rebelo de Sousa vai presidir, nos próximos três anos, à mesa da assembleia geral do BCP, o maior banco privado, foi conhecida esta semana. Mas o seu nome terá antes de ser validado em reunião de accionistas, agendada para Maio, e será proposto pelo fundo de investimento Fosun, o maior investidor do grupo liderado por Nuno Amado, com mais de 25% do capital. O advogado vai substituir o jurista António Menezes Cordeiro, que assumiu o cargo em 2007, no quadro da guerra que afastou Jardim Gonçalves.

O convite a Rebelo de Sousa para integrar os órgãos sociais do BCP é um regresso ao sistema financeiro em que já ocupou diversos cargos. Entre 2011 e 2013, esteve na administração não-executiva da Caixa Geral de Depósitos, mandato que viria a interromper, com um pedido de demissão, por discordar da estratégia do anterior Governo para o grupo do Estado.

Antes, na década de 90, tinha estado, por exemplo, no Banco Fonsecas & Burnay (BFA), como principal executivo e de onde saiu quando a instituição pública foi absorvida pelo BPI, o vencedor da privatização. Passou ainda pelo Citibank, onde foi vice-presidente da Divisão Internacional de Mercados Financeiros em Nova Iorque. O advogado manterá a actividade na SRS Legal (Rebelo de Sousa e Associados), que dirige.

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