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Amamentar nem sempre é a coisa mais “natural” do mundo

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Leah DeVun tinha fantasiado sobre a experiência da gravidez e amamentação. Na cabeça dela, havia uma imagem idealizada, de uma "experiência natural" e feliz. Mas o que aconteceu foi muito diferente. A artista nova-iorquina teve um parto de emergência e um acidente isquémico transitório, também conhecido como mini-AVC, deixou-a sem falar e mover o lado direito do corpo.

Leah DeVun, 43 anos, teve de fazer medicação para reduzir a pressão arterial durante o parto, fez duas transfusões de sangue. Passou por um inferno. Falar disso, contou ao P3 numa entrevista por e-mail, ainda hoje é custoso. Por ter vivido aqueles dias, Leah sabe bem o que a tecnologia associada à saúde pode significar em termos de melhoria de qualidade de vida. Na série de imagens In the age of mechanical reproduction, a fotógrafa retrata mulheres que recorrem a dispositivos artificiais para conseguirem amamentar. São imagens cruas, que procuram mostrar que a amamentação nem sempre é a coisa natural do mundo — e nem tem de ser.

"Dá imenso trabalho e pode ser uma das coisas mais difíceis com a qual as mães têm de lidar na sua vida", escreveu-lhe uma das mulheres que aceitou ser fotografada. "Espera-se que as mães sejam gentis, sem esforço, independentes, naturais — mas porquê?", questionou-se. "As mães com quem conversei tinham muitas vezes como objectivo não precisar de ajuda médica com o nascimento, não precisar de recorrer a leite artificial, não precisar de bombas mecânicas." A artista não teve dificuldade em encontrar voluntárias dispostas a serem fotografadas. O que a surpreendeu — o sentimento dela talvez não fosse assim tão incomum. Com esta série, quer quebrar o preconceito de que a maternidade, parto e amamentação devem ser uma coisa natural. Não, reclama, essa "pressão" deve desaparecer. E precisar de ajuda médica e tecnológica não é um problema.

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