Fotografia
O freakshow onde a vida é um grande circo
Os espectadores são logo avisados: “Não vai haver acto de comunhão, nem experiência partilhada.” Quem são os pobres? Uma mulher de saia rodada enumera, em formato de lista, e faz corar até aquele com os pés mais assentes, lembra-nos das nossas hipocrisias e pretensiosismos. Os pobres tiveram múltiplas multinacionais, estiveram no topo da carreira e agora estão só ali, a vender “pão rico com salsicha pobre”, mas não têm medo de ser normais – ou acham que não têm. É a história de Palhaço Rico Fode Palhaço Pobre: um espectáculo que não é para quem confunde ética com moral, nem moral com religião. Irónico para um espectáculo recheado de aforismos e conselhos moralistas. “Escolham a vida e não o prolongamento médio da esperança média de vida”, pedem. “A melhor lição que se pode tirar desta vida é que os ricos mandam e os pobres obedecem”, explicam. E talvez seja mesmo esta a conclusão a reter, num espectáculo onde o circo e a vida se diluem e a única certeza é que o palhaço rico fode o palhaço pobre. A peça começa com uma nota de ironia e termina com um agradecimento… irónico. No início do espectáculo ao invés da habitual mensagem onde se pede aos espectadores que não façam registos do espectáculo ouve-se uma mensagem que indica que qualquer conteúdo nas redes sociais deve ser partilhado com o hashtag #palhaçoricofodepalhaçopobre. No final, um palhaço agradece aos progenitores tudo o que fizeram por ele: “Obrigada, mãe. Obrigada, pai. O vosso melhor não foi – de todo – o suficiente.” Um hino ao freakshow, ao politicamente incorrecto, um “espectáculo superlativo” aqui nas fotos de Paulo Pimenta. Para ver no Rivoli, hoje às 21h30 e amanhã às 19h00.