Fillon acusa Presidente Hollande de ter um "gabinete negro" para o prejudicar
O chefe de Estado negou qualquer responsabilidade nos problemas do candidato de Os Republicanos.
François Fillon acusou François Hollande de ser o responsável pelas fugas de informação que estão a minar a sua candidatura à presidência. Numa entrevista à France 2, o candidato de Os Republicanos (direita) disse que o Presidente é o organizador de um "gabinete negro" que está na origem das notícias — o emprego fictício que terá dado à mulher e aos filhos, o empréstimo de 30 mil euros que não declarou às finanças, os fatos de milhares de euros que recebeu de presente de um amigo milionário, e que lhe valeram uma investigação no âmbito da qual já foi constituído arguido.
Num comunicado, o chefe de Estado condenou "com veemência as acusações". "O executivo nunca interveio em qualquer processo judiciário", reagiu o Eliseu, citado pelo jornal Le Monde. Com as suas declarações, o candidato está a criar "perturbações" na campanha. "O escândalo não diz respeito ao Estado mas a uma pessoa que terá que responder perante a justiça", concluiu o comunicado.
Fillon acusou directamente Hollande: "Há um livro que vai sair em breve, do qual já pude ler algumas páginas, que foi escrito por jornalistas que estão longe de ser meus amigos, uma vez que dois deles são do Canard Enchaîné. O livro explica como François Hollande canaliza todas as escutas judiciais que lhe interessam, o que é uma ilegalidade".
Referia-se ao livro Bienvenue Place Beauvau, escrito por três jornalistas franceses, dois deles do Canard, que divulgou o caso "Penelope", o nome da mulher e Fillon que recebeu mais de 800 mil euros por funções de assistente parlamentar do marido, havendo a suspeita de que nunca efectuou de facto esse trabalho.
Um dos autores do livro, Didier Hassoux, disse que as acusações de Fillon são falsas: “Nunca escrevemos isso".
As eleições presidenciais realizam-se a 23 de Abril (primeira volta). As sondagens dizem que Fillon será eliminado, passando Emmanuel Macron (independente) e Marine Le Pen (extrema-direita) à segunda volta (7 de Abril).