O efeito repetição
Punho de Ferro é a próxima série da Marvel a estrear no Netflix.
Na indústria do entretenimento para grandes audiências, uma ideia já não pode ser apenas uma simples ideia, tem de ser uma ideia que se possa esticar para um universo. E não há nenhum universo que seja tão omnipresente como o da Marvel. O que começou com um grupo de tipos a desenhar umas BDs de criaturas superpoderosas, é agora um universo em permanente expansão, com entregas regulares no cinema e na televisão – na verdade, são dois universos, por causa dos direitos de adaptação das personagens a televisão e cinema (de um lado está tudo o que é X-Men, do outro, tudo o resto), mas essa é outra história.
Nesta campanha global para dominar o entretenimento, o Netflix tem sido um parceiro importante da Marvel e, a 17 de Março, tem estreia mundial Iron Fist (conhecido em Portugal como Punho de Ferro), a quarta produzida pelo serviço de streaming depois de Daredevil, Jessica Jones e Luke Cage. Tal como os seus antecessores, é uma série de super-heróis terra-a-terra e nada intergaláctica. Danny Rand, o Punho de Ferro, é um mestre de artes marciais, que também é um monge budista e milionário. O super-poder? Pode evocar o dito Punho de Ferro, que lhe aumenta a força, agilidade e reflexos, capacidade conquistada depois de ter mergulhado o punho no coração de um dragão.
A estratégia da Marvel no Netflix é semelhante ao que fez no cinema, em que foi apresentando os heróis em filmes individuais para depois os juntar em equipa (Os Vingadores). A seguir ao Punho de Ferro, teremos The Defenders, que irá juntar toda a Marvel Netflix numa única série, e, depois, ainda haverá The Punisher, que teve direito a uma série própria depois de ter deixado marca na segunda temporada de Daredevil.
Só que Iron Fist já está a sofrer por ter sido o último a chegar. A abordagem menos fantasiosa dos super-heróis tão elogiada nas séries anteriores perdeu o efeito novidade e sofre com o menor carisma da própria personagem (um milionário budista que sabe kung-fu). É mais do mesmo e esse é o problema.