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A caça à raposa é uma prática "cruel e bárbara”
Um grupo de cidadãos organizou uma manifestação pela abolição da caça à raposa, na Praça do Comércio. A estátua de D. José I, no Terreiro do Paço, serviu de ponto de encontro para o protesto. “Esta é a primeira manifestação do género, portanto, mesmo que sejamos poucos, já é uma vitória”, disse ao PÚBLICO Patrícia Caeiro, uma das responsáveis pela manifestação e quem fala no vídeo de hoje.
Uma das pessoas que assumiu protagonismo foi Luís Vicente, biólogo e professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Para ele, o perigo da caça não é a extinção de uma espécie, é a “perturbação dos ecossistemas”, que é “dramática”. O biólogo explicou que a caça faz com que os animais percam “energia a fugir dos humanos” e a energia de um animal é limitada. É necessária, por exemplo, para a procura de alimento, para a procura de um macho ou fêmea para a reprodução, para tratarem dos filhos ou para a migração. Assim, na caça à raposa, não é apenas esta espécie que é perturbada: são afectados todos os animais que com ela partilhem o ecossistema.
Em contraponto, os caçadores dizem que a caça à raposa serve como controlo de espécie. O presidente da Associação de Caçadores da freguesia de Ortiga, Santarém, disse à agência Lusa que “a falta de comida nas florestas, como coelhos, lebres e perdizes, leva as raposas a procurar alimento dentro da aldeia, causando prejuízos aos proprietários de galinheiros, que só nos últimos dias perderam dezenas de galinhas” naquela localidade. João Durão, caçador, afirma: "são raposas a mais para tão poucos coelhos e no último domingo, a pedido das pessoas lesadas, conseguimos abater cinco raposas num espaço de 800 metros, todas junto das habitações".
Segundo dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), em média, nos últimos dez anos, 14 mil raposas foram abatidas por ano.