A diferença entre géneros possui uma base biológica inquestionável. No seres humanos, os cromossomas sexuais X e Y definem o nosso sexo – os homens têm dois cromossomas sexuais de tipos diferentes (XY) e as mulheres possuem, na sua carga genética, apenas um tipo de cromossoma sexual (XX).
No entanto, é no plano sociológico que se encontram as raízes da desigualdade social entre géneros. Ao longo dos séculos, a tradição católica sugeriu duas figuras para representar o universo feminino — Eva e Maria. A primeira representa o pecado, a desobediência e a ruptura com o divino. Por seu lado, Maria, é exposta como a virtude, sendo associada a esta figura a virgindade, a castidade e a maternidade. A mãe de Jesus é apresentada como aquilo que a mulher, na sua essência social, deve ser: mãe e boa esposa. Este papel social remete para o domínio do lar e do privado, por oposição ao homem que se situa na esfera pública.
Será redutor concluir que o papel social da mulher e a desigualdade de género são meras consequências do discurso teológico, pois a hierarquização dos sexos remonta muito para além dos primeiros cristãos. Contudo, a larga tradição católica e a sua influência na comunidade contribuíram para que o papel redutor da mulher na sociedade se tenha tornado num conceito socialmente aceite e reconhecido por todos os elementos da sociedade.
Falar de igualdade de género é falar em igualdade de oportunidades. Homens e mulheres não são iguais, nem é desejável que o sejam. Queremos, sim, que nenhuma mulher, ou nenhum homem, seja preterido ou discriminado devido ao seu género.
Em 2006, a Assembleia da República instituiu a lei da paridade, que estabelece a obrigatoriedade de as listas candidatas à Assembleia da República, às autarquias locais e ao Parlamento Europeu serem compostas de modo a assegurar a representação mínima de 33% de cada um dos sexos.
Apesar de ser, por natureza, contra a imposição deste tipo de quotas, tenho que reconhecer que, graças a esta lei, muitas mulheres tiveram a sua oportunidade para mostrar o que valem. O Dia Internacional da Mulher assinala-se porque ainda é necessário relembrar a sociedade que homens e mulheres, têm a mesma liberdade, as mesmas capacidades sociais e os mesmos direitos.
Se o país, as instituições públicas e as empresas tivessem mais mulheres a desempenhar funções de liderança, Portugal estaria melhor! Por esse motivo, anseio pela chegada do ano em que, no dia 9 de Março, poderei dizer: ontem não foi Dia Internacional da Mulher!