Como definiria esta sua Isolde?
A minha Isolda é muito romântica e nela está sempre o amor, desde o início. Logo no primeiro acto, em que há fúria, e que é um acto muito dramático. O segundo acto é difícil, mas mais lírico. No final, no Liebestod, é muito mais transcendental. Mas o trabalho foi feito por uma equipa, em conjunto, com ideias bem estabelecidas.
O que é mais difícil neste dificílimo papel?
Já tinha feito duas produções de Tristão e Isolda, em Oviedo e em Toulouse, e ainda uma outra versão de concerto. Gosto muito de a fazer, é uma ópera de extraordinária beleza, entre o romantismo e a tristeza. Julgo que uma das coisas mais difíceis é conseguir um entrosamento entre tudo o que há em Tristão e Isolda e entre os diferentes actos. Há grandes mudanças na personagem durante a ópera que têm de ser feitas com critério e com determinação.
Que amor mítico é este de Tristão e Isolda em Wagner?
É um amor especial, não terreno. Não é paixão. A paixão é uma coisa, o amor é outra. Eles podem tocar-se, mas este não é um amor palpável. É um amor metafísico que não pode existir na terra, porque na terra iria fazer mal. O amor acaba por existir no compromisso entre os dois, mas na eternidade. É um amor metafísico, entre as trevas e a luz, numa atmosfera muito particular.