Só eles sabem o que vale uma selfie com os actores de The Walking Dead
Lisboa recebeu digressão de série que suscita paixões: 1088 pessoas foram ao encontro dos seus zombies e vilões adoráveis.
Na Avenida da Liberdade, o volume está no máximo. Ser fã é gritar em uníssono quando chegam os actores da série de TV, ou soltar o grito de guerra quando finalmente se consegue a foto de um deles: "Partilhaaaa". Nas redes sociais, como em The Walking Dead, o valor da comunidade é tudo. E foi mesmo tudo no início da noite desta quarta-feira para uma multidão no Teatro Tivoli, em Lisboa. O valor de uma selfie foi o seu símbolo.
Um cenário atípico nas ruas de Lisboa: centenas de pessoas aos gritos e algumas em lágrimas depois das fotos e dos autógrafos que Andrew Lincoln, Norman Reedus, Jeffrey Dean Morgan e o produtor Greg Nicotero começaram a dar mal saíram do carro às 19h. Uma hora e muitos apertos depois, os protagonistas desta Walking Dead European Tour encontraram no interior do Tivoli um cenário a que já estão habituados: um público rendido ao grupo que o anfitrião Vasco Palmeirim chamou "os Beatles" pela constante reacção em agudos dos muitos adolescentes que encheram grande parte dos 1088 lugares do teatro. Rendido até a um vilão "com sentido de humor e carisma a condizer com a sua brutalidade", como disse Morgan sobre a sua personagem Negan, para mais gritos e declarações de amor repetidas da plateia. Rendido a um produtor que gera uma reacção comparável à suscitada por um protagonista que todas as semanas está no ecrã.
Foi um dia que culminou numa festa laudatória de agradecimentos mútuos, numa hora de euforia e humor leve sobre quem chora, quem é sexy. Uma estrofe de Barry Manilow aqui, um apalpão entre amigos actores ali, muitas ideias encurtadas por mais e mais verbalizações do que é ser fã acérrimo da série da Fox acoli. E sempre, sempre, pedidos de uma foto, e mais outra, por parte de quem se conseguia fazer ouvir no meio do ruído da plateia.
De manhã, centenas de fãs já aguardavam o evento de entrada gratuita integrado na campanha promocional relâmpago da série da AMC transmitida pela Fox. Queriam conhecer os ídolos, saber como era interpretar aquelas personagens. Greg Nicotero tentou ajudar, à noite, integrando Walking Dead na linhagem da ficção que nos últimos anos tanto apaixona quanto matiza. Heróis e vilões "já não são a preto e branco", de A Guerra dos Tronos a Breaking Bad, "as fronteiras estão esbatidas", e por isso tanta obsessão se distribui pelas muitas personagens que habitam estes universos televisivos e literários.
Mesmo depois de horas de espera, o amor de Lincoln pelos pastéis de nata, a sua ida ao cockpit do avião que o trouxe a Lisboa ou o pedido de uma garrafa de vinho tinto para Morgan e Reedus foram tão celebrados como a lembrança de Nicotero de que em Outubro a série regressa para a sua oitava temporada com o centésimo episódio.
É um marco temporal (e negocial) importante para uma série que tem um público variado - alguns ficaram só do lado de fora do teatro - mas que trouxe ao Tivoli sobretudo os mais novos e os seus telemóveis e cartazes manuscritos. E uma maioria de raparigas, que Nicotero tomou como exemplo para a transversalidade de The Walking Dead. A noite terminou pouco depois das 21h, mas não para todos. Muitos dos fãs acamparam novamente à porta, para mais uns gritos a pedir recordações num mini-ecrã das personagens do pequeno ecrã. De um televisor ou de um computador.