Relvas já tem 31,7% da Pivot, parceira do último candidato ao Novo Banco
O reforço para 31,7% resulta da aquisição de acções que pertenciam a António Bernardo e a Mário Palhares.
Miguel Relvas, antigo número dois de Pedro Passos Coelho e ex-ministro dos Assuntos Parlamentares, já tem 31,7% da Pivot, a holding que em 2015 comprou o banco Efisa, o banco de investimento do BPN. Uma transacção que está há quase ano e meio à espera que o Banco Central Europeu (BCE), em articulação com o Banco de Portugal, valide a idoneidade da holding e dos seus accionistas para deter posições em instituições financeiras.
O reforço de 25% para 31,7% efectuado nos últimos meses por Miguel Relvas, um ex-governante omnipresente no mundo dos negócios, na Pivot, resulta da aquisição de acções que pertenciam a António Bernardo, consultor da Roland Berger, e a Mário Palhares, do Banco de Negócios Internacional (BNI) e antigo vice-governador do Banco Nacional de Angola.
António Bernardo e Mário Palhares também venderam acções a Ricardo Santos Silva, ex-BESI, e a Aba Schubert, tendo cada um deles ficado com mais de 31% da holding. Santos Silva e Aba Schubert estão juntos no private equity Aethel Partners, que tem sede em Londres. Com 62% da Pivot, a Aethel consolida a sua posição de principal accionista do banco de investimento do BPN, Efisa. Francisco Febrero fica com 5%.
Em 2015 a Pivot “ganhou” o concurso de venda da Efisa por 38 milhões de euros. Um valor inferior aos 77,5 milhões de euros injectados, entre 2012 e 2015, pelo Tesouro português no banco de investimento do antigo BPN. O Efisa transitou para a esfera estatal em 2012, quando o BPN foi vendido ao BIC Portugal.
“Fale com o dr. Ricardo Santos Silva, fale com ele.” Foi deste modo que Miguel Relvas respondeu ao PÚBLICO quando inquirido sobre a sua posição actual na Pivot, após ficar com as acções de Bernardo e Palhares. Para além de Relvas, também Manuel Dias Loureiro, também ele social-democrata, se movimenta no circulo da Aethel, mas, em 2015, fonte oficial da Pivot garantiu ao PÚBLICO: “Não é, nem será accionista.” Dias Loureiro está no centro da falência do BPN em 2008, onde foi accionista e gestor, processo que lesou o Estado em cerca de 4 mil milhões de euros.
Apesar de a holding estatal Parparticipadas ter anunciado no final de 2015 que fechou acordo com a Pivot para vender o Efisa, o negócio ainda não foi concretizado. A lei impõe que o BCE e o Banco de Portugal avaliem a idoneidade dos accionistas de referência das instituições financeiras, independentemente da sua dimensão. E o PÚBLICO apurou que a Pivot (Miguel Relvas, Ricardo Santos Silva, Aba Schubert, Febrero) continua à espera de que os supervisores emitam um parecer positivo para assumirem o Efisa. Relvas foi aconselhado a não integrar os seus órgãos sociais, razão pela qual o seu nome não consta da lista submetida ao Banco de Portugal.
O impasse à volta do futuro do Efisa coincide com as movimentações da Aethel, o grande accionista da Pivot, em torno do Novo Banco, que as autoridades (Banco de Portugal e Governo) estão a negociar em exclusivo com um outro private equity, o grupo imobiliário norte-americano Lone Star. Os contactos ganharam visibilidade depois de o Jornal de Negócios ter avançado que a Aethel entregou ao Governo uma carta de intenções a manifestar vontade de ficar com o “banco bom” que resultou do antigo BES. Na mesma missiva, a Aethel abre a porta a associar-se a outros investidores e, sem dar detalhes, clarifica, no último parágrafo, que não tem intenção de o fazer com o Lone Star.
O fundo parceiro de Relvas na Pivot já fez saber que se dispõe a investir no Novo Banco até 4 mil milhões de euros. Mas não revela de onde vêm os fundos, nem como chegou a este valor, dado que a Aethel não realizou uma due diligence ou análises detalhada às contas do Novo Banco que lhe permitam sustentar a oferta.
De acordo com o Jornal de Negócios, o Fundo de Resolução, o vendedor, receberia no máximo 3 mil milhões de euros, verba condicionada ao tema da litigância, com a Aethel a aceitar fazer um aumento de capital de mil milhões de euros e a manter-se no capital do Novo Banco por cinco anos.