Câmara dos Lordes ameaça planos de May sobre direitos dos cidadãos da UE

Oposição na câmara alta diz ter apoio suficiente para alterar lei de modo a garantir tratamento igual aos cidadãos da UE que actualmente residem legalmente no Reino Unido depois do "Brexit".

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Em Fevereiro, Theresa May conseguiu fazer valer a sua posição ao ver a câmara baixa do Parlamento aprovar a lei que a autoriza a negociar a saída do Reino Unido da União Europeia Reuters/TOBY MELVILLE

A Câmara dos Lordes do Parlamento britânico prepara-se para votar, nesta quarta-feira, uma emenda legislativa que obriga o Governo a garantir os direitos dos cidadãos da União Europeia (EU) que residem no país. Tratar-se-á de uma derrota da primeira-ministra Theresa May no seu plano de arrancar até ao final de Março com as negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia. Quaisquer mudanças propostas pelos Lordes terão de ser aprovadas pela Câmara dos Comuns, o que poderá atrasar os planos de May.

Os membros da oposição na Câmara dos Lordes afirmam que têm apoio suficiente para aprovar uma alteração à lei, proposta pelos Trabalhistas, que garanta que os cidadãos da UE e familiares que actualmente residem legalmente no Reino Unido sejam tratados da mesma forma depois do "Brexit".

Em Fevereiro, Theresa May conseguiu fazer valer a sua posição ao ver a câmara baixa do Parlamento aprovar a lei que a autoriza a negociar a saída do Reino Unido da União Europeia, sem as condições extra que alguns deputados queriam impor.

“É vergonhoso que a Câmara dos Comuns tenha até agora permitido que o governo se safe com este plano de utilizar os cidadãos europeus para regatear nas negociações sobre o 'Brexit'", afirmou Dick Newby, líder dos Liberais Democratas na Câmara dos Lordes.

“Trata-se de uma adenda vital para pôr pressão nos membros do Parlamento, para que tenham bom senso e dêem garantias aos milhões de cidadãos da UE que vivem no Reino Unido, afirmou Dick Newby.

A ministra do Interior, Amber Rudd, escreveu na terça-feira a membros da Câmara dos Lordes garantindo que os direitos dos cidadãos da UE seriam uma prioridade nas negociações do "Brexit". De acordo com os media britânicos, citados pela Reuters, a ministra alertou também que garantir o direito de permanecer no Reino Unido sem um compromisso recíproco deixaria os cidadãos britânicos residentes em outros países da União Europeia num limbo.

Angela Smith, líder dos Trabalhistas na câmara alta, acredita que os países da UE também tomarão medidas recíprocas para garantir os direitos dos cidadãos britânicos. “É uma forma de arrancar com as negociações com um enquadramento e um tom muito melhores”, afirmou à Sky News.