John Major apela a mais "charme" e menos "retórica barata" nas negociações do "Brexit"

Antigo primeiro-ministro britânico duvida que o Reino Unido consiga alcançar um acordo vantajoso com a União Europeia.

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LUSA/WILL OLIVER

O antigo primeiro-ministro britânico John Major defendeu esta segunda-feira que o Reino Unido deve abordar as negociações relativamente à saída da União Europeia com maior charme e “menos retórica barata”, se quiser alcançar um bom acordo.

O político conservador, que fez campanha pela permanência do Reino Unido na União Europeia, afirmou que as negociações iriam requerer estadistas “de elevado nível”,  defendendo que existem poucas hipóteses de o país conseguir igualar as vantagens do mercado único.

“É muito, mas muito mais fácil alcançar um acordo com um amigo do que com um vizinho briguento”, disse o antigo governante citado pela Reuters, acrescentando que a “atmosfera já está azeda” em redor do processo de saída do Reino Unido liderado pela primeira-ministra Theresa May. “Um bocado mais de charme e muito menos retórica barata fariam muito para proteger os interesses do Reino Unido”, concluiu.

Major, que liderou o Governo britânico de 1990 a 1997, defendeu ainda que há uma probabilidade muito alta de que Bruxelas e Londres não conseguiam alcançar um acordo “aceitável” durante os dois anos de negociações previstos depois de accionado o artigo 50 do Tratado de Lisboa.

Por isso, avisou, o período que se seguirá à saída da União Europeia tornará o Reino Unido mais dependente dos EUA, onde agora governa Donald Trump. Sobre o Presidente americano, Major diz que este é “menos previsível, menos confiável e menos sintonizado” com os “instintos do mercado livre e socialmente liberais do que qualquer dos seus predecessores”.