Cinema

Meryl Streep: uma actriz "sobrevalorizada" com 20 nomeações aos Óscares

Até no desdém contra si, Meryl Streep consegue superar a concorrência. Em 2004, vários anos antes de Donald Trump a ter atacado num tweet, apelidando-a de “sobrevalorizada”, a actriz de Kramer contra Kramer usou a mesma expressão para se descrever. Foi no palco da cerimónia de entrega dos Emmy, quando já tinha nas mãos a estatueta que recebeu pela intepretação na mini-série Anjos na América. “Há alguns dias em que eu própria sinto que sou sobrevalorizada”, afirmou diante de uma plateia que rebentou em risos. “Mas hoje não é um desses dias”, concluiu.

Com Florence – Uma Diva Fora de Tom, Meryl Streep garantiu a vigésima nomeação aos Óscares, consolidando ainda mais o seu recorde como intérprete mais nomeada de sempre na história dos prémios da Academia de Cinema norte-americana. É uma relação que começou há praticamente quatro décadas, com a nomeação na categoria de Melhor Actriz Secundária no filme O Caçador, de Michael Cimino.

Streep, que irrompeu no cinema americano no final da década de 1970, foi nomeada em catadupa a partir daí e durante os anos 1980. Venceu duas vezes: por Kramer contra Kramer, de Robert Benton, e A Escolha de Sofia, de Alan J. Pakula – Melhor Actriz Secundária e Melhor Actriz, respectivamente. Depois disso precisou de 29 anos e 13 nomeações para voltar a segurar uma estatueta. Aconteceu com A Dama de Ferro, o filme de Phyllida Lloyd que está praticamente alicerçado na interpretação que Streep constrói de uma Margaret Thatcher em vários tempos, ora na ascenção ao poder ora num olhar retrospectivo para o passado à beira da senilidade. Aconteceu também numa época em que o nome da actriz se tornou presença regular na temporada de prémios – e, como tal, motivo para piadas recorrentes sobre esta previsibilidade. Livre de piadas parece ser, no entanto, a carreira de Meryl Streep, que se passeou por géneros, épocas e realizadores e cruzou sotaques, caracterizações elaboradas e arroubos musicais – como o mostra este vídeo, um passeio de quatro décadas pela carreira cinematográfica da actriz.