Candidatos à presidência do Sporting concordaram em discordar
Pedro Madeira Rodrigues e Bruno de Carvalho enfrentaram-se no único debate da campanha com vista à liderança dos “leões”. Foram duas horas de ataques mútuos em que quase só se falou de futebol.
Depois de um debate com mais de duas horas entre Pedro Madeira Rodrigues e Bruno de Carvalho, quase que se pode dizer que apenas têm duas coisas em comum: ambos são adeptos do Sporting e ambos são candidatos à presidência do clube. De resto, tanto o presidente em funções como o candidato desafiante discordaram em tudo, da visão para o futebol à percepção das assistências do estádio, naquele que foi o único confronto directo, realizado na Sporting TV, entre Carvalho e Madeira Rodrigues até às eleições para os órgãos sociais do clube, agendadas para 4 de Março próximo.
Cada um apresentou as suas ideias e atacou as ideias do outro. Madeira Rodrigues reforçou a intenção de dispensar Jorge Jesus como treinador da equipa principal, frisando que tem a informação que o actual técnico irá sair pelo próprio pé e sem cobrar indemnização para o que resta do seu contrato, dados que garante ter recolhido através de “amigos comuns”. “A saída de Jorge Jesus vai ser limpinha, limpinha. Sairá pelo próprio pé. Jorge Jesus não é uma referência. Tem vindo a ganhar muito dinheiro, mas só deixou uma Supertaça e pouco mais. Já encontrei o meu treinador e Lazslo Boloni concordou que é muito melhor”, frisou o candidato da lista A, considerando “eticamente reprovável” Jesus ter entrado na campanha ao aceitar fazer parte da comissão de honra de Bruno de Carvalho.
O presidente “leonino” defendeu a sua política para o futebol com o facto de o Sporting ter passado de sétimo para segundo na sua primeira época, atacando depois algumas das escolhas de Madeira Rodrigues. “Adoro o Boloni, que foi campeão, o Delfim [team manager na estrutura de Madeira Rodrigues] tinha um pontapé-canhão, mas acho que tem um negócio de agricultura nos últimos dez anos”, assinalou, revelando que o candidato desafiante chegou a dizer directamente a Jesus que este era o “melhor treinador do mundo”.
Madeira Rodrigues acusou Bruno de Carvalho de manter comissões altas para os intermediários nos negócios de compra e venda de jogadores, o presidente defendeu-se argumentando que as comissões dos negócios foram de 3,9 por cento para transferências e de 2,7 por cento em jogadores livres. “Temos muito orgulho nestes números”, referiu. Em termos de construção de plantel, Madeira Rodrigues frisou que vai ser mais cirúrgico nas contratações e acusou Bruno de Carvalho de ter falhado em 85 por cento das suas escolhas. O presidente em exercício defendeu-se com um “saldo positivo de compras e vendas de 81,47 milhões de euros” e alegou que o “gestor de activos chama-se Bruno de Carvalho”, reconhecendo, no entanto, que a época actual está “abaixo das expectativas”.
Antes, o debate havia arrancado com ataques mútuos às respectivas listas. Madeira Rodrigues salientou que tem uma “equipa coesa” e elogiou alguns dos membros da sua lista que antes estavam com Bruno de Carvalho, como Vítor Ferreira (ex-“vice” do clube e ex-administrador da SAD) ou Rui Morgado (ex-“vice” da mesa da Assembleia Geral), entre outros. Sobre Ferreira, Bruno de Carvalho revelou que foi “afastado da SAD por unanimidade”; acerca de Morgado disse que saiu por “palavras agressivas e venenosas sobre tudo”.
Madeira Rodrigues acusou ainda Bruno de Carvalho de promover a divisão dentro do clube e de o afastar dos centros de decisão do futebol. “Vamos ser completamente diferentes, não nos vamos preocupar tanto com os adversários, vamos conseguir trazer a militância de volta ao Sporting e vamos acabar com o isolamento”, prometeu. Bruno de Carvalho fez notar que a sua equipa é “transversal a todos os sectores” e que o Sporting não está isolado: “Está na direcção da Liga, nos grupos de trabalho, viu as suas propostas 90 por cento acatadas. Estamos lá, presentes.”