Plano Juncker: Portugal é o quarto país da UE que mais sente o impacto
Aprovados 18 projectos no ano passado. Banco Europeu de Investimento apoiou mais de 8200 PME portuguesas.
Ao ter já assegurado uma fatia de financiamento de mil milhões de euros do Plano Juncker para mobilizar investimentos de 3400 milhões de euros, Portugal está entre os países da União Europeia onde os projectos apoiados pelo Fundo Europeu para os Investimentos Estratégicos (FEIE) mais têm impacto na economia, mostram dados disponibilizados pelo Banco Europeu de Investimento (BEI).
Portugal está em oitavo lugar no ranking dos Estados-membros com maior mobilização de financiamento ao abrigo do Plano Juncker, mas quando se mede todo o investimento que está associado a esses fundos em termos do Produto Interno Bruto (PIB) ocupa a quarta posição da lista. À frente de Portugal estão apenas a Estónia, a Bulgária e a Espanha, onde os investimentos “puxados” pelo Plano de Investimento para a Europa têm mais peso em cada uma dessas economias.
Como o PÚBLICO já noticiou, embora Portugal tenha partido tarde para o Plano Juncker, na segunda metade do ano passado recuperou o ritmo e subiu ao topo dos países europeus que, neste momento, mais beneficiaram deste plano da Comissão Europeia, que chega ao terreno através de financiamento assegurado pelo BEI. E ao nível dos investimentos nos projectos de inovação e infra-estruturas, Portugal foi o segundo mais beneficiado em percentagem do PIB, só ultrapassado pela Espanha.
Entre Pequenas e Médias Empresas (PME), projectos na área ambiental, inovação ou infra-estruturas, foram aprovados 18 projectos em 2016. São esses que vão beneficiar do financiamento de mil milhões de euros do BEI. Esta entidade, ao conceder os empréstimos, alavanca investimento privado, forçando, por exemplo, os bancos a mobilizarem financiamento complementar aos mesmos projectos.
O Plano Juncker – que ganhou o apelido do presidente da Comissão Europeia por ser lançado no arranque da presidência, em 2014 – só teve em 2016 o primeiro ano completo de actividade, aquele em que, no caso português, os primeiros projectos foram assinados e o dinheiro dos empréstimos chegou às empresas e projectos que se tinham candidatado e foram aprovados.
Ao apresentar nesta quinta-feira em Lisboa os resultados para Portugal, o vice-presidente do BEI, Román Escolano, sublinhou a importância particular do BEI no financiamento das PME”, não apenas em Portugal, mas também noutros países do Sul, onde, vincou, o tecido empresarial assenta em larga escala precisamente nas PME. “Estamos a fazer a diferença” ao financiar PME nestes países, “sobretudo no longo prazo”, salientou.
Como exemplos de projectos mais emblemáticos, Román Escolano refere empréstimos de 300 milhões de euros a startups e empresas, assim como o empréstimo-quadro de 250 milhões de euros ao município de Lisboa – o primeiro a beneficiar apoios do Plano Juncker – para a prevenção de inundações, promoção da mobilidade sustentável e modernização da habitação social no concelho.
Questionado se as debilidades económicas e financeiras de Portugal podem comprometer o impacto dos financiamentos do BEI, o mesmo responsável mostrou-se tranquilo quanto à continuação do investimento no país apoiado pela sua instituição, dizendo estar comprometido em “obter resultados positivos”. “Toda a Europa enfrenta desafios” e “Portugal não é excepção”, vincou Escolano, referindo depois que o país é “um parceiro não apenas em 2017 mas no longo prazo”.
Ao todo, e para além do Plano Juncker, o balanço global do BEI em Portugal mostra que os investimentos do banco estão a aumentar desde 2012, tendo atingido em 2016 um valor de 1482 milhões de euros (assinatura de projectos).
O número de PME apoiadas também tem vindo a crescer – e se em 2012 eram perto de 340, dois anos depois já havia 4900 a beneficiar de apoios do BEI, número que chegou aos 5400 em 2015 e passou para 8271 em 2016. A grande maioria dos projectos apoiados é de pequena e média dimensão (dois terços do total). O montante médio do financiamento por PME é de 288 mil euros. É, defendeu o vice-presidente do banco, um número “muito bem distribuído” por ter “um impacto real na economia”.