Presidente do INEM reconhece aumentos "pontuais" dos tempos de resposta

Aumento do volume de chamadas e falta de recursos humanos explicam dificuldades, diz Luís Meira.

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Segundo os dados do presidente do INEM, o instituto deveria ter mais de 1700 funcionários e em Janeiro deste ano conta com 1279 bruno lisita

O presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Luís Meira, reconheceu nesta quarta-feira que a falta de recursos humanos tem comprometido “pontualmente” os tempos de resposta nas chamadas que são atendidas pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU). O mesmo responsável alertou, no entanto, que também tem crescido o número de contactos ao longo dos últimos anos. Ainda assim, garantiu que, “apesar das dificuldades, o serviço tem permitido níveis excepcionais em termos de resposta” e que “devem orgulhar os portugueses”.

Luís Meira está nesta quarta-feira a ser ouvido na comissão parlamentar de saúde na sequência de um requerimento feito pelo CDS-PP e que tem como base as notícias sobre casos de elevados tempos de resposta que podem comprometer o socorro às populações. Na sua intervenção inicial, a deputada centrista Isabel Galriça Neto explicou que não querem com esta audição “contribuir para alarmismos desnecessários”, acrescentando que o CDS-PP está preocupado com a capacidade de resposta do INEM.

Nas suas intervenções, também o PSD, o PS, o PCP e o BE acompanharam a preocupação com a possível falta de meios do instituto, questionando os recursos humanos em falta – mas com os socialistas a referirem que pensam que a audição poderia ter sido dispensada, uma vez que há um grupo de trabalho sobre o tema e que terá de apresentar resultados até ao final de Março. O PSD perguntou também sobre o impacto da redução do horário de trabalho de 40 para 35 horas semanais.

Em resposta aos deputados, Luís Meira reconheceu que o INEM enfrenta problemas, mas adiantou que algumas das dificuldades de georreferenciação das chamadas recebidas vão ficar resolvidas através de um processo que o ministério da Administração Interna está a concluir e que vai permitir que todo o processo passe a ser feito de forma tecnológica. “Houve em Dezembro e Janeiro um aumento dos tempos de atendimento pelos CODU. Não há como fugir a essa questão”, reconheceu o presidente do INEM, garantindo porém que os problemas corresponderam a “períodos críticos” – como a época gripal – e que os tempos estão a voltar à normalidade.

Luís Meira insistiu que tem havido um “esforço imenso” dos trabalhadores, mas reiterou que têm coexistido dois factores que agravam a situação: aumento do volume de chamadas e falta de recursos humanos. Só em Dezembro, estiveram em falta, em média, quatro operadores nos CODU. Em 2016, foram atendidas mais de 1,37 milhões de chamadas pelos CODU – mais 67 mil do que em 2015.

Segundo os dados do presidente do INEM, o instituto deveria ter mais de 1700 funcionários e em Janeiro deste ano conta com 1279. Há alguns concursos que vão abrir em breve, mas Luís Meira admitiu que as entradas vão demorar, que são em número insuficiente e que não compensam as saídas de pessoal.

O aumento do tempo de resposta às chamadas de emergência feitas para os CODU também levou o Ministério da Saúde, em Janeiro, a tomar medidas para alterar o sistema de funcionamento, criando para isso um grupo de trabalho. O grupo é composto por representantes da Ordem dos Médicos, dirigentes do INEM e sociedade civil e tem como missão identificar os problemas e apresentar possíveis soluções que melhorem o funcionamento dos CODU e a resposta às populações. O grupo tem até 31 de Março para o fazer. Luís Meira, em resposta aos deputados, avançou que o grupo vai também contar com um representante da Ordem dos Enfermeiros.

Actualmente, o aumento do tempo de atendimento das chamadas pelos CODU – que activam os meios de emergência, depois de receberem as chamadas do 112 – é o aspecto que mais preocupa o ministério da Saúde.

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