Atrasos na resposta do INEM levam Governo a criar grupo de trabalho
Grupo tem até 31 de Março para apresentar soluções.
O aumento do tempo de resposta às chamadas de emergência feitas para os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) levou o Ministério da Saúde a tomar medidas para alterar o seu sistema de funcionamento. Um despacho que foi publicado esta sexta-feira em Diário da República, prevê a criação de um grupo de trabalho para enfrentar a este problema.
Representantes da Ordem dos Médicos, dirigentes do INEM e sociedade civil vão constituir este grupo de trabalho criado com o objectivo de identificar os problemas e apresentar possíveis soluções que melhorem não só a resposta dada às populações e o próprio funcionamento dos CODU. O grupo tem até ao dia 31 de Março para o fazer.
O despacho do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo – que o Jornal de Notícias cita na edição desta sexta-feira – , dita que o grupo terá que elaborar “um diagnóstico sobre os actuais constrangimentos com impacto na resposta ao CODU” para poder “propor alterações ao actual modelo de funcionamento dos CODU que melhorem a eficiência, a eficácia e a qualidade do serviço prestado”.
A Comissão de Trabalhadores do INEM, contactada pelo mesmo jornal, aprova a criação deste grupo de trabalho, e vê nesta medida um possível reforço dos recursos humanos para os CODU. A Comissão aponta ainda que implementar um sistema de geo-referenciação reduziria o tempo que é perdido a localizar a vítima e, dessa forma, facilitava todo o processo das operadoras.
Actualmente, o aumento do tempo de atendimento das chamadas pelos CODU, que depois de receberem as chamadas do 112 activam os meios de emergência, é o aspecto que mais preocupa o Ministério da Saúde. O crescente aumento do tempo de atendimento é justificado pela falta de operadores nas centrais e deve-se igualmente ao número cada vez maior de chamadas que têm chegado às entidades de emergência.
Só em 2016, foram atendidas mais de 1,37 milhões de chamadas pelos CODU – mais 67 mil que em 2015 – informa o mesmo jornal. Em Dezembro do ano que passou, o tempo médio de atendimento das chamadas, depois de serem encaminhadas pelo 112, ficou nos 63 segundos, muito acima dos sete segundos que são recomendados internacionalmente.
O INEM assinalou que as dificuldades se sentem em diversas frentes. Reconhece que há falta de técnicos de emergência pré-hospitalar nos CODU, facto que se deve em parte a falhas nos recrutamentos durantes os últimos dois anos, algo que também não é equilibrado pelo número de saídas a cada ano, cerca de 60 pessoas. O Ministério das Finanças deu autorização para serem contratados 100 profissionais, mas todo o processo de recrutamento é demorado e não produz resultados imediatos.
Também durante os períodos de férias dos técnicos e nos feriados, regista-se falta de pessoal. No primeiro dia do ano, o tempo médio de atendimento das chamadas de emergência escalou para 167 segundos, devido à falta de comparência de operadores.
Outro factor, aponta o INEM ao Jornal de Notícias, está no facto de o horário de trabalho ter passado das 40 horas para as 35, referindo que só com trabalho extraordinário é que o serviço consegue ser minimamente assegurado.