Mesquita de Lisboa vandalizada foi “acto isolado”, diz imã
O xeque David Munir não encontra explicação nem motivo para o ataque de vandalismo de sexta-feira à noite. Pelo contrário, diz que cada vez mais gente quer visitar o espaço sagrado dos muçulmanos na Praça de Espanha
A Mesquita Central de Lisboa foi vandalizada na madrugada de sexta-feira com um derrame de tinta branca, lançada na fachada azul clara, mesmo junto à inscrição em árabe. A situação já está normalizada, depois de a tinta ter sido apagada este domingo, disse ao PÚBLICO o imã, o xeque David Munir. Este foi, segundo Munir, um “acto isolado”, provavelmente efectuado por “um louco”.
Segundo Munir conseguiu apurar, o acto de vandalismo terá sido feito pelas 23h30. O alerta viria dos muçulmanos que entraram na mesquita para a oração da manhã, às 6h30. As câmaras de vigilância mostraram a tinta a ser atirada, mas não revelaram, porém, a cara e o corpo de quem perpetrou o acto. “Não encontro uma explicação, não houve nenhum evento" que tenha provocado este facto, disse Munir.
Já em Janeiro de 2015 tinha havido um acto de vandalismo na mesquita com a inscrição nas paredes do número 1143, numa alusão à data de fundação de Portugal, isto pouco tempo depois do ataque ao semanário francês Charlie Hebdo, em Paris, que provocou vários mortos.
O xeque afirma inclusivamente que não tem encontrado qualquer tipo de hostilidade em relação à comunidade muçulmana em Portugal, estimada em 50 mil pessoas. “Pelo contrário. Há muita gente curiosa. Tem havido muitas visitas à mesquita. Ainda ontem esteve cá um grupo de 155 pessoas das 18h às 22h30”.
A mesquita, que fica na Praça de Espanha e presta apoio em várias áreas, recebe uma média anual de visitas de 10 mil alunos. As visitas paralelas, organizadas por empresas e grupos, têm aumentado significativamente. “Todos os fim-de-semana vem gente. O interesse por conhecer o Islão aumentou. Tem sido muito interessante desmistificar barreiras”, revelou Munir.
Isto acontece numa altura em que o presidente americano Donald Trump decidiu “quase declarar guerra aos muçulmanos”, afirma. “Nós convidamos as pessoas a conversar, a visitar-nos, todos nós queremos viver bem, em paz e sossego. Não queremos impor nenhuma religião”, concluiu.
A PSP foi chamada ao local e o acto de vandalismo está a ser investigado pelas autoridades.