PCP quer estacionamento grátis na periferia de Lisboa para quem anda de transportes
Vereadores comunistas querem que se estude a criação de mais parques de estacionamento nos limites da cidade para "realmente impedir que os carros entrem". Mas isso não chega, alertam: é preciso apostar nos transportes públicos.
Lisboa está a abarrotar de automóveis. Todos os dias entram na cidade cerca de 500 mil carros e, acreditam os vereadores do PCP na câmara municipal, isso deve-se principalmente à “ausência de um sistema de transportes públicos de qualidade” e à “inexistência de estacionamento gratuito junto dos interfaces de transporte público nos limites da cidade”.
Por este motivo, os eleitos comunistas vão propor esta quinta-feira, na reunião privada da câmara, que os parques de estacionamento que a autarquia está a criar junto à periferia sejam gratuitos para quem tem passe de transportes. “Se queremos realmente impedir que os carros entrem na cidade ou, pelo menos, diminuir o trajecto que fazem cá dentro o máximo que pudermos”, explica João Ferreira, “temos de dar incentivos.”
A câmara está a construir um parque dissuasor na Ameixoeira para 530 automóveis e prevê começar nas próximas semanas as obras de outro parque, na Rua Manuel Gouveia, junto ao Areeiro (300). Em fase final de projecto estão os estacionamentos na Pontinha (junto à futura Feira Popular, terá 1300 lugares) e em Pedrouços (150). Estão ainda a ser negociados preços mais baratos com as empresas privadas que gerem os parques do Estádio da Luz (800 lugares), do Estádio de Alvalade (200 lugares) e do Pingo Doce da Bela Vista (370).
Nas várias vezes que já se pronunciou sobre o tema, Fernando Medina tem dito que vão ser criadas “avenças reduzidas” nestes parques para os utilizadores de transportes colectivos, mas o vereador comunista duvida da eficácia dos preços propostos. A gratuitidade “é um incentivo melhor do que pagar 30 euros por mês”, comenta João Ferreira.
E é um “incentivo plenamente razoável”, continua o vereador, também candidato às autárquicas pela CDU, tendo em conta o estado actual dos transportes em Lisboa. “O estímulo maior e mais importante é termos uma rede de transportes públicos funcional”, considera. No preâmbulo da proposta, os vereadores escrevem que esta medida “seria ainda mais eficaz se os preços dos títulos de transporte revertessem aos valores de 2011”, algo a que a câmara não tem mostrado abertura, apesar da redução dos valores dos passes para pessoas até 12 anos e maiores de 65, já em vigor.
Além da gratuitidade, o PCP quer também que o município vá mais longe na criação dos chamados parques dissuasores. “Em rigor, estes parques deviam ser nos limites da cidade”, diz João Ferreira, que até apoia as obras em curso na Ameixoeira e na Pontinha – só considera que “idealmente, a localização devia ser mais periférica”. A proposta comunista prevê que seja feito um estudo sobre a criação de novos parques e o vereador quer que esse trabalho defina “possibilidades concretas de localização”.
Pelo que, acrescenta, os municípios à volta da capital também terão de ser envolvidos. Algo que já devia acontecer, considera João Ferreira, com a Carris e os restantes meios de transporte público. “O quadro ideal seria a gestão da rede residir numa mesma entidade”, a nível da área metropolitana, e não apenas da câmara lisboeta.
Edifício da Moderna torna-se lar de idosos
Na reunião desta semana, os vereadores vão ainda discutir aquilo que será o primeiro passo para a requalificação da área antigamente ocupada pela Universidade Moderna, em Belém. Segundo a proposta, aquele que era o principal edifício da instituição será demolido para dar lugar a novos prédios onde funcionará uma “estrutura residencial para pessoas idosas” com capacidade para 116 utentes.
Além de três unidades por onde os idosos estarão distribuídos, o projecto prevê a criação de uma “capela de uso público” virada à Avenida da Índia e de “dois pátios abertos a sul”, ajardinados e também de acesso público. Está igualmente prevista a construção de um parque de estacionamento subterrâneo para 48 automóveis.
Todas as entidades consultadas na elaboração do projecto emitiram parecer favorável. A Direcção-Geral do Património Cultural alertou apenas para a necessidade de se realizarem sondagens arqueológicas, uma vez que se trata de uma “área de grande sensibilidade arqueológica”.