“Ainda há muito por fazer” nos acordos com o Governo, diz o PCP
Comunistas são mais contidos do que a CGTP sobre a necessidade de rever posição política conjunta com o PS e o Governo.
Apesar de o secretário-geral da CGTP também integrar o Comité Central do PCP e defender que é tempo de os comunistas assinarem com o Governo novos compromissos na área laboral porque a posição política conjunta está “praticamente esgotada”, a opinião do PCP continua a ser bem mais cautelosa que a do sindicalista Arménio Carlos.
“Ainda há muito por fazer do que foi o grau possível de convergência a que se chegou e que foi transposto para a posição política conjunta entre o PCP e o PS”, respondeu ao PÚBLICO esta segunda-feira à tarde Patrícia Machado, que integra o Comité Central do partido, quando questionada sobre se chegou a altura de rever o acordo a que os comunistas chegaram com os socialistas em Novembro de 2015 e que permitiu chumbar o programa de Governo PSD/CDS na Assembleia da República e fazer cair Pedro Passos Coelho.
“[Temos que nos] bater para ir ao alcance do muito que há por fazer relativamente a um conjunto de matérias que ainda não estão salvaguardadas”, apontou a dirigente comunista, escusando-se a especificar as áreas a que se referia.
Patrícia Machado preferiu realçar um aviso recorrente nos discursos comunistas aos socialistas – que é preciso uma real “ruptura com a política de direita”. “Continuaremos a bater-nos para que o caminho, ainda que curto, mas aberto, de reposição e reconquista de direitos roubados pelo anterior Governo seja prosseguido. A actual situação nacional reclama a ruptura com a política de direita e a exigência de construção de uma política alternativa, patriótica e de esquerda.”
Esta segunda-feira, em entrevista ao Jornal de Negócios, Arménio Carlos, líder da CGTP, central sindical afecta ao PCP, afirmou que os compromissos inscritos nas posições conjuntas entre o PS, o Governo, o PCP e o BE “estão praticamente esgotados” e que é tempo de entrar “numa nova fase” e “ir mais longe”, em especial nas áreas “laboral e social”. E endureceu o discurso: “Se não tivermos respostas mais claras e inequívocas da parte do Governo, isso que dizer que as coisas se vão complicar.”