Novo Banco: Fundo americano promete manter António Ramalho e envolver investidores nacionais

Lone Star propõe-se manter António Ramalho como CEO do Novo Banco e também abriu a porta ao envolvimento na transacção de investidores de origem portuguesa.

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patricia martins

A Lone Star, que o Banco de Portugal (BdP) seleccionou para aprofundar negociações com vista à venda do Novo Banco, já fez saber que, caso adquira a instituição, irá manter António Ramalho à frente da comissão executiva.

A continuidade no Novo Banco de uma gestão portuguesa chefiada por António Ramalho é um dos compromissos já assumidos pelo fundo norte-americano junto do BdP e do Governo. Mas há outros. Para além de concordar em preservar a integridade do Novo Banco, o Lone Star abriu a porta ao envolvimento na transacção de investidores de origem portuguesa, o que fez no quadro dos contactos que estão em curso desde quatro de Janeiro.

Foi nessa data que o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, concluiu que “a entidade mais bem colocada para finalizar com sucesso” o processo de compra “das acções do Novo Banco” era o Lone Star, que convidou “para um aprofundamento das negociações”.

Horas depois do supervisor se ter pronunciado, o Governo veio clarificar que a operação não pode prever garantias estatais nem ter impacto nos contribuintes. E foi assim que o primeiro-ministro António Costa traçou as linhas vermelhas da negociação.

E este é um dos pontos centrais do diálogo que está a correr entre o investidor norte-americano e o BdP e que, tudo indica, irá trazer nos próximos dias a Lisboa Olivier Brahin, o responsável pelas operações europeias do Lone Star (que se destaca em Portugal como dono de centros comerciais e de imobiliário).

Uma iniciativa que surge na segunda ronda dos trabalhos que decorrem entre os dois representantes do fundo, Kamdiv Nourbakhsh e Benjamin Dickgiesses, e a equipa de Sérgio Monteiro, encarregue pelo BdP de colocar o Novo Banco na esfera privada. Movimentações que se acentuaram nos últimos dias e que visam introduzir melhoramentos na proposta inicial do Lone Star que contemplava uma contragarantia do Estado português sobre cerca de 2000 a 2500 milhões de euros de activos. O que se traduz numa protecção (um seguro) contra a eventual desvalorização (em torno dos 25%) da carteira de activos problemáticos do Novo Banco (muito imobiliário) e cujo valor apontado oscila entre 8.500 milhões e 14 mil milhões. Esta é uma condição que o Lone Star terá de deixar cair se quiser ficar com o terceiro maior banco português. E é, também, um ponto crítico, pois para prescindir do aval estatal o Lone Star (tal como qualquer fundo) terá de encontrar uma solução que convença o comité de investimento de que o risco que vai aceitar é suportável. E que o activo Novo Banco é confiável.

Aliás, sabe-se que nos últimos dias o BdP e o Novo Banco têm sido inundados por pedidos de esclarecimentos e de novas informações e que chegaram sobretudo do Lone Star. Também o fundo Apollo [dono da Tranquilidade], que chegou atrasado ao concurso, tem estado a fazer uma due diligence ao Novo Banco.

Como potencial candidato continua o China Minshneg, dado como quase excluído por ter sido incapaz de apresentar uma prova de que dispõe dos fundos para investir no Novo Banco. Este pode, no entanto, ter aproveitado o compasso de espera para se voltar a posicionar. Para ter sucesso, não tem apenas de garantir que dispõe do dinheiro disponível para pagar ao Fundo de Resolução, dono do Novo Banco. Terá sobretudo de conseguir convencer o BCE, dado que o regulador europeu já tinha levantado dúvidas sobre a venda da instituição ao veículo chinês.

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